Agência Estado
postado em 31/05/2016 18:10
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relativizou o fato de a Operação Lava-Jato ter derrubado dois ministros em menos de 20 dias de governo do presidente em exercício, Michel Temer.
Segundo Gilmar, Temer teve de formar o seu ministério "numa situação de emergência" e, por isso, não há "surpresa" que situações como essa aconteçam. "É um governo provisório, que faz experimento e que teve que compor numa situação de emergência. Então não é surpresa que haja esse tipo de situação. Depois também essa questão da Lava Jato tem tido uma repercussão enorme e ampla irradiação no sistema político. Então, a mim parece que isso é um pouco inevitável", disse.
Ele afirmou, no entanto, que essas baixas não devem reverter o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado. "Não necessariamente. Não vejo essa repercussão. Agora, isso mostra quão difícil é governar, é ter estabilidade, especialmente num quadro dessa dificuldade", disse.
O ministro do STF defendeu que, diante da perspectiva de que o afastamento de Dilma ainda pode ser revisto pelos parlamentares, o governo do presidente Temer tem de fazer reformas e conquistar o apoio da Câmara e do Senado. "Em suma, tem que, em geral, operar na lógica da segunda melhor opção. Nunca a melhor opção: ;Ah, quero fazer um governo de notáveis ou coisa do tipo;, tem que conversar com os russos, né?".
Sempre crítico aos governos petistas, Gilmar tem adotado um tom mais moderado ao falar de Temer na Presidência. No fim de semana, ele esteve com o presidente em exercício no Palácio do Jaburu. Oficialmente, a conversa tratou da liberação de verbas para a realização das eleições municipais deste ano, uma vez que Gilmar assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recentemente. O ministro afirmou que os dois não chegaram a conversar sobre a Lava Jato.
Em menos de 20 dias de governo, Temer perdeu dois ministros após a divulgação de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, delator da Lava Jato. O primeiro, na semana passada, foi o senador Romero Jucá, que deixou o Ministério do Planejamento. Nessa segunda, foi a vez o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, pedir demissão.