Agência Estado
postado em 31/05/2016 18:39
O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), disse não ver semelhanças entre o caso de cassação do ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) e a representação contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Cabe a ele a decisão de aceitar ou rejeitar o pedido.
Delcídio foi preso em novembro do ano passado preventivamente, acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato. Assim como Delcídio, Jucá foi flagrado em uma conversa em que falava sobre "trocar o governo" para "estancar a Lava-Jato". O pedido foi protocolado pelo PDT.
Apesar de o argumento pela cassação de Delcídio no relatório de Telmário Mota (PDT-RR) ter se baseado na gravação em que Delcídio é flagrado tramando um plano de fuga para o ex-presidente da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, João Alberto defendeu que o caso de Jucá é diferente.
Na visão do presidente do Conselho de Ética, na gravação de Jucá, ele estava expressando uma opinião e não conjecturando uma ação criminosa. Ele também defende que o caso Delcídio foi fortalecido por uma decisão de prisão preventiva do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçada pela decisão do plenário do Senado de manter a prisão.
Mais cedo, João Alberto informou à reportagem que enviou o pedido de cassação de Jucá para a Advocacia-Geral do Senado, para pedir um parecer prévio. Ele terá até a próxima segunda-feira, 6, para decidir se aceita ou rejeita a representação contra Jucá.
Caso o pedido seja aceito, o Conselho de Ética se reúne para sortear um relator para o processo. Caso João Alberto rejeite o pedido, cabe recurso ao plenário do colegiado.
À frente do colegiado pela quarta vez, João Alberto tem fama de "engavetador". Ele arquivou, em 2010, por exemplo, processo contra o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-AP), seu aliado. No ano passado, com diferentes manobras, atrasou a tramitação do caso Delcídio em pelo menos dois meses.