Politica

Cunha: votação sobre cassação é adiada e deve ficar para a próxima semana

José Carlos Araújo (PR-BA) anunciou o cancelamento, após desconfiar de articulação de aliados de Cunha em plenário

Natália Lambert
postado em 08/06/2016 06:20
Deputados conversam durante a reunião do Conselho de Ética para votar a cassação de Eduardo Cunha: disputa para suplente virar titular

A votação do parecer pela cassação do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prevista para ontem, foi alvo de dupla postergação e não ocorrerá mais hoje. A sessão deve ficar para a próxima semana. Nesta terça-feira, durante reunião do colegiado, prestes a sofrer uma derrota, o relator do processo, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), usou uma prerrogativa regimental e pediu ao presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), ;mais tempo; para estudar o voto em separado apresentado pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA). À noite, porém, ao perceber a possibilidade de vitória dos aliados de Cunha, Araújo cancelou a votação que ocorreria hoje.

Bacelar, um dos defensores de Cunha, apresentou um texto alternativo que sugere uma punição mais branda ao peemedebista: a suspensão do mandato por três meses. O relatório quase foi aprovado diante da ausência da deputada Tia Eron (PRB-BA) na reunião. Com base no regimento, Araújo suspendeu a sessão com a desculpa de que era preciso mais tempo para ler o voto em separado e chegou a ser acusado por Cunha de manobrar. À noite, diante de um acordo para que a sessão do plenário da Casa ocorresse hoje, às 9h, Araújo suspendeu novamente a reunião. Houve o receio de que aliados de Cunha estivessem montando uma ;arapuca; e tivessem conseguido o voto de Eron, por isso, Araújo resolveu ganhar mais tempo. O presidente pode marcar para amanhã a votação, mas a maior probabilidade é de que ocorra na próxima terça.

Oficialmente, o presidente do Conselho justificou o cancelamento com o argumento de que não quer atrapalhar votações importantes ao país e de que é necessário mais tempo para se ler o voto em separado. Ontem, por causa da ausência da deputada Tia Eron, a única titular que não compareceu à sessão, quem votaria seria o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), primeiro suplente a marcar presença por uma diferença de 40 segundos entre ele e Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Marun é declaradamente defensor de Eduardo Cunha e seria favorável ao voto com punição mais branda. Bacelar criticou a suspensão da reunião. ;Eu li o voto dele (Marcos Rogério) em 24 horas. Não justifica;, disse.



Entre os integrantes do conselho, 10 já declararam voto contra a cassação de Cunha e nove a favor. A única que não se pronunciou quanto ao mérito é Tia Eron. Se ela votar pela cassação, o placar ficará empatado e o voto decisivo será do presidente do colegiado, que é favorável ao relatório. Hoje, quem chegar primeiro pode fazer a diferença. A ausência da deputada, no entanto, acabou questionada por parlamentares. Após a sessão, a congressista esclareceu que está em Brasília e afirmou que votaria caso a questão tivesse sido apreciada, mas a sessão foi de ;debates; e só foi suspensa porque o relator pediu vistas e não por causa dela. ;Estou convicta da grande expectativa que há em nosso país, referente a esta representação, e não me furtarei a cumprir com meu dever;, afirmou por meio de nota.

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