Agência Estado
postado em 15/06/2016 17:56
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou, em sua delação premiada com a Operação Lava Jato, que o ex-presidente José Sarney recebeu R$ 18,5 milhões do dinheiro de propina da subsidiária da Petrobras, dentro da conta do PMDB, durante o período em que ele dirigiu a companhia (2003 a 2015). Desse montante, R$ 2,2 milhões teriam sido repassados em doações eleitorais oficiais, nas campanhas de 2012 e 2010.
[SAIBAMAIS]"Durante a gestão do depoente na Transpetro foram repassados ao PMDB, segundo se recorda, pouco mais de R$ 100 milhões, cuja origem eram propinas pagas por empresas contratadas. Desse valor, R$ 18,5 milhões foram repassados a José Sarney", afirmou Machado, no termo de 4 de sua delação, tornada pública na tarde desta quarta-feira, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
As doações oficiais foram pagas pelas construtoras Camargo Corrêa (R$ 1,25 milhão) e Queiroz Galvão (R$ 1 milhão), contratadas da Transpetro. Os valores foram repassados em 2012.
"As doações era em geral feitas formalmente ao Diretório Nacional do PMDB e em alguns casos para o Diretório do Maranhão, por vezes até para outro partido", explicou Machado, que busca a redução de pena na Lava-Jato. "Mas era carimbadas para Sarney, consistindo isso no conhecimento que era transmitido aos organismos partidários de que as doações em questões seria controladas por Sarney."
Machado gravou conversas com o ex-presidente e ex-senador do PMDB na tentativa de reduzir sua pena. O conteúdo das conversas, em que tratam sobre tentativas de travar a Lava Jato, resultaram em pedido de prisão de Sarney feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O pedido foi negado pelo ministro relator da Lava Jato no Supremo, Teori Zavascki, nesta terça-feira, 14. Nesse despacho, ele torna pública a delação de Machado.
O delator afirmou que o restante dos R$ 18,5 milhões de propina a Sarney foram entregues em dinheiro. Sua defesa montou planilhas para mostrar quanto foi pago ano a ano e de que forma para entregar à Procuradoria, durante as negociações da delação. Nela, Machado relata que foi procurado em 2006 por Sarney, que pediu ajuda financeira para manter sua base política no Amapá e no Maranhão.
Segundo ele, os repasses começaram com uma entrega de R$ 500 mil em espécie, até chegar às doações.