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Partidos procuraram acordos para barrar Lava-Jato, diz Machado

Segundo Machado, o Jucá teria lhe confidenciado "sobre tratativas com o PSDB nesse sentido facilitadas pelo receio de todos os políticos com as implicações da Operação Lava-Jato"



Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o teor das conversas gravadas de Machado com o Renan, o ex-presidente José Sarney e o próprio Jucá deixam claro a existência de um "acordão", que "segue sendo costurado", por meio das nomeações de Jucá (que deixou o Planejamento após a polêmica dos áudios), Sarney Filho (Ministério do Meio Ambiente) e políticos tucanos para os ministérios de Temer.

"O intento dos requeridos (Renan, Jucá e Sarney), nessas diversas conversas gravadas, é construir uma ampla base de apoio político para conseguir, pelo menos, aprovar três medidas de alteração do ordenamento jurídico em favor da organização criminosa", afirma Janot no pedido de prisão preventiva contra Jucá e Renan e de prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica para Sarney encaminhado ao Supremo Tribunal Federal em maio.

Para Machado, todo o contexto das conversas gravadas também deixou claro que havia uma preocupação geral dos políticos em tentar impedir a maior operação de combate à corrupção no país. O delator já foi líder do PSDB no Senado durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e se filiou ao PMDB em 2001, partido que o garantiu o cargo de presidente da Transpetro por 11 anos durante os governos petistas, entre 2003 e 2014.

Ele entrou na mira da Lava-Jato e sua residência chegou a ser alvo de buscas na Operação Catilinárias, deflagrada com autorização do Supremo para investigar os políticos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras.

A partir dessa busca, Machado relata que começou a se preocupar com os avanços da operação e decidiu que iria colaborar com as investigações. Uma das ideias que teve foi exatamente gravar conversas com seus colegas da cúpula peemedebista nas quais buscava alternativas para tentar escapar do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância.

Todos os políticos flagrados nos diálogos e também citados na delação do ex-presidente da Transpetro negam envolvimentos em irregularidades e rechaçam as acusações de Machado.