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PF diz que senador intermediou arrecadação de Campos com empresas fantasmas

Em 2010, Fernando Bezerra fez a ponte para 18 firmas do esquema criminoso e que injetaram recursos na campanha à reeleição do então governador de Pernambuco

Diário de Pernambuco
postado em 21/06/2016 15:07

A Polícia Federal afirmou nesta terça-feira (21/6) que o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) intermediou os recursos que 18 empresas que integram o esquema criminoso desvedado pela Operação Turbulência injetaram na na campanha de 2010 do ex-governador Eduardo Campos (PSB). As firmas eram fantasmas. O pessebista morreu em agosto de 2014 quando sua aeronave tentava pousar em Santos, em plena campanha ao Palácio do Planalto.

Dezesseis dos 24 mandados de condução coercitiva e quatro dos cinco mandados de prisão expedidos pela Justiça foram cumpridos. João Carlos Lyra de Melo Filho e Eduardo Freire Bezerra Leite receberam voz de prisão quando desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Os empresários com atuação em Pernambuco já estavam sendo seguidos quando embarcaram juntos, na madrugada de hoje, no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife. O voo foi acompanhado por dois policiais à paisana, que aguardaram a expedição do mandado para cumprir a ordem judicial. De acordo com a PF, Eduardo Freire tinha passagem comprada para seguir ainda hoje para Miami, nos Estados Unidos. Com ele foram encontrados U$ 10 mil em espécie.

Já Apolo Santana Vieira foi preso em uma academia no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Além deles também foi detido Artur Roberto Lapa Roval. Paulo César de Barros Morato é considerado foragido. Todos os presos foram encaminhados para a sede da Polícia Federal no Recife, na Avenida Cais do Apolo. Para lá também foram levados quatro carros de luxo, entre Porshe, Land Rover e Audi, recolhidos hoje durante a operação. Também foram apreendidas três aeronaves, sendo dois helicópteros e um avião, avaliados em R$ 9 milhões.

As investigações começaram após a queda do avião que vitimou o ex-governador Eduardo Campos, no dia 13 de agosto de 2014, no litoral de Santos, em São Paulo. Os trabalhos para encontrar os proprietários da aeronave acabaram desvendando um esquema, que, de acordo com a PF, movimentou R$ 600 milhões desde 2010.


Ainda segundo a PF, em 2014, a construtora OAS, contratada para realizar um serviço de terraplanagem das obras de transposição do Rio São Francisco, repassou R$ 18,8 milhões à empresa Câmara Vasconcelos, utilizada como fachada para a compra da aeronave, um Cesna Citation PR-AFA. Antes mesmo da prisão, João Carlos Lyra já teria assumido a posse do avião.

O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) foi apontado pela Polícia Federal como um dos intermediadores dos recursos com as 18 empresas de fachada que estariam envolvidas no esquema. Dezessete empresas estão localizadas em Pernambuco e uma em Goiás, entre elas Bandeirantes Pneus, AF Andrade e Câmara Vasconcelos, todas pernambucanas. Ainda segundo a PF, FBC, já investigado pela Operação Lava-Jato, faria parte do esquema desde 2010, quando das obras da Refinaria Abreu e Lima e também seria encarregado de recolher recursos com essas empresas para a campanha de reeleição de Eduardo Campos no governo de Pernambuco em 2010.

De acordo com o superintendente Regional da Polícia Federal, Marcelo Diniz Cordeiro e os delegados Andrea Pinho e Daniel Silvestre, responsáveis pela operação, as investigações continuam para detalhar a circulação dos montantes em dinheiro e a participação de novas empresas como uma localizada no Uruguai e ainda para comprovar suspeitas.

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