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Cardozo: prisão de Funaro é prova de que Cunha quis parar investigações

"Essas investigações acabam atingindo o processo porque demonstram as verdadeiras razões pelas quais muitos defendem o impeachment. O presidente Eduardo Cunha iniciou o processo para se safar de cassação de mandato e parar as investigações", disse Cardozo

Agência Estado
postado em 01/07/2016 19:43

Advogado da presidente afastada Dilma Rousseff, o ex-ministro José Eduardo Cardozo afirmou nesta sexta-feira (1;/7) que a prisão do operador Lucio Funaro, pela Polícia Federal, é "mais uma prova" de que o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) liderou o processo de impeachment para obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Funaro, ligado a Cunha, foi acusado pelo ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) Fabio Cleto, em delação premiada, de fazer parte do esquema de propina envolvendo o fundo de investimento do FGTS. Cleto admitiu participação nos desvios de recursos e disse agir em conjunto com Cunha, que o indicou para o cargo na Caixa. Com base na delação de Cleto, a polícia desencadeou nesta sexta-feira a Operação Sépsis.

"Essas investigações acabam atingindo o processo porque demonstram as verdadeiras razões pelas quais muitos defendem o impeachment. O presidente Eduardo Cunha iniciou o processo para se safar de cassação de mandato e parar as investigações. Eduardo Cunha dizia que sofria perseguição do governo e com base nisso desencadeou o processo, com o objetivo de parar as investigações que caíam sobre ele. O que se vê é que não havia perseguição e que ele queria parar a investigação porque sabia onde ela ia chegar. As pessoas sabiam onde ia chegar e queriam afastar a presidente porque ela não impedia as investigações, não obstruía", disse Cardozo, antes de iniciar palestra no Instituto de Advogados Brasileiros (IAB), intitulada "O desvio de finalidade no processo de impeachment".


"Esse é um processo jurídico político. Base jurídica não tem, basta ouvir gravações em que alguns líderes políticos falam em parar a sangria. A única maneira era afastar a presidente da República", disse Cardozo, em referência à gravação feita pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado durante conversa com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou o Ministério do Planejamento do governo em exercício de Michel Temer depois que os diálogos vieram a público.

Na palestra, Cardozo reiterou a tese de que o impeachment da presidente Dilma não tem base legal. "Destituir o presidente da República sem motivo constitucional é golpe de Estado. Pouco importa se usam armas ou a retórica política elegante", afirmou Cardozo, aplaudido pela plateia.

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