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Operações são "ramos da mesma árvore", diz coordenador da Lava-Jato

Deltan Dallagnol afirma que Saqueador, Custo Brasil e Lava-Jato estão interligadas mas a Justiça "começa a cercar em diversas frentes de investigação megaesquemas criminosos de desvio de dinheiro público"

Eduardo Militão
postado em 04/07/2016 09:52
O coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, disse que o caso que dirige e as Operações Saqueador e Custo Brasil são "ramos da mesma árvore". "Três operações da última semana, Saqueador, Custo Brasil e a de hoje, são ramos de uma mesma árvore", avaliou ele, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (4/7). "Juntas formam um ícone da recente articulação da Justiça que começa a cercar em diversas frentes de investigação megaesquemas criminosos de desvio de dinheiro público que se interconectam."

O doleiro Adir Assad, preso semana passada sob acusação de lavar dinheiro junto com o bicheiro Carlinhos Cachoeira da empreiteira Delta em favor de agentes público, é um exemplo, segundo ele. Hoje, a Polícia Federal cumpriu 35 mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão, como um contra o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, preso há dez dias na Operação Custo Brasil, que apura desvio de empréstimos consignados por empresa ligada ao Ministério Planejamento.

;É expressão disso o fato de que há alvos em comum entre Lava Jato e as demais, como Adir Assad, no caso da Saqueador, e Paulo Ferreira, na Custo Brasil", afirma Deltan. "É preciso uma atuação interinstitucional firme contra a corrupção se desejamos que os demais ramos dessa mesma árvore possam produzir frutos como a Lava Jato."

O procurador Roberson Pozzobon lembrou que essas ações, incluindo a Turbulência, em Pernambuco, e Tabela Periódica, em Goiás, mostram que, se o crime é organizado, o Minstério Público, a Polícia Federal, Receita Federal e demais órgãos do Estado devem ser articular de maneira estratégica. "É preciso enfrentar o crime de forma organizada porque a corrupção está alastrada."

Júlio Noronha disse que as últimas operações demonstram que essa articulação está funcionando. "O Ministério Público é uma rede articulada que tem se fortalecido para pegar todos os peixes da corrupção, não importa o seu tamanho", comparou.-

Flerte com a corrupção

Pozzobon destacou a presença de Paulo Ferreira no caso. "O povo brasileiro já não aguenta mais agentes políticos que flertam, namoram ou mesmo se casam com a corrupção",disse. "É preciso que as duas principais causas da corrupção descoberta na Lava Jato, as falhas do sistema político e a impunidade, sejam atacadas mediante reforma política e 10 medidas contra a corrupção."

Já o procurador da República Júlio Noronha destacou que as colaborações premiadas, como do as dos executivos da Carioca Engenharia ; Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior ; e do ex-vereador do PT Alexandre Romano, não eram provas solitárias. Os delatores forneceram documentos e pistas para localização de pagamentos no exterior e no Brasil, contratos fictícios feitos com empresas de fachada ou usadas para fazer repasses de propinas.

"A palavra do colaborador nunca é usada isoladamente", disse. "Neste caso as declarações de mais de cinco colaboradores e uma leniência foram usadas em conjunto com provas documentais bastante consistentes, como transferências bancárias no Brasil e no exterior e contratos fictícios com empresas para repasse disfarçado da propina."

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