Agência Estado
postado em 14/07/2016 13:16
Em seu primeiro compromisso público como presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) visitou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a quem dedicou sua vitória. Reunido no gabinete do tucano com a presença do líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), Maia agradeceu o empenho dos colegas na articulação por sua eleição."Eu não poderia deixar de, assim que saísse de casa hoje, visitar quem construiu comigo na base essa vitória. Essa vitória eu devo a todos, mas na origem, devo a Aécio Neves. Na vida, a gente tem que ser grato àqueles que entram num projeto quando poucos acreditam", disse o presidente da Câmara.
Segundo Maia, foi Aécio que, com o conhecimento de quem já foi presidente da Câmara, desenhou a estratégia e participou da construção das alianças necessárias para sua eleição. "A nossa vitória foi construída no domingo à noite, numa conversa com Aécio, Imbassahy e o ministro da Educação, Mendonça Filho", disse.
A presença de Maia no segundo turno parecia pouco provável até o dia da eleição. A atual oposição, composta pelo PT, PCdoB e PDT, estava disposta a apoiar a candidatura do ex-ministro de Dilma Rousseff Marcelo Castro (PMDB-PI). Uma reviravolta estratégica trouxe os votos dos aliados de Dilma para Maia, com o intuito de evitar, a qualquer custo, uma nova ascensão do chamado Centrão, representado na eleição por Rogério Rosso (PSD-DF).
Maia assume a Câmara com uma aparente divisão na base do governo de Michel Temer, que colocou de um lado a "antiga oposição", composta por PSDB, DEM e PPS, e de outro o Centrão, formado por partidos pequenos e nanicos. O novo presidente dos deputados, entretanto, minimizou a divisão.
[SAIBAMAIS]"Não foi uma vitória da ;antiga oposição;, foi uma vitória da Casa. Temos que olhar para o futuro e não para o passado. Não vamos mais separar a base como ;antiga oposição; e ;Centrão;. Isso tudo está atrapalhando o Brasil. Vamos trabalhar em conjunto para que o governo tenha uma base unida", declarou.
Apesar disso, Maia não poupou o Centrão de críticas veladas. Ao ser questionado sobre possível interferência na escolha do líder do governo na Câmara, em referência ao Centrão, o deputado fez questão de deixar claro que não faz parte do grupo que pressiona o governo.
"Eu não sou líder do governo. Eu sou o presidente da Câmara dos Deputados, dos 513 deputados. Quem indica o líder do governo é o presidente da República. Como eu não faço parte do bloco que pressiona o governo para indicar líder, eu não vou fazer isso", respondeu.
Reforma política
Maia demonstrou seu interesse de trabalhar em conjunto com o Senado Federal. Ainda nesta quinta-feira (14/7) o novo presidente da Câmara irá se encontrar com o presidente em exercício, Michel Temer, e prometeu se reunir em seguida com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre as pautas prioritárias, Maia apontou a agenda econômica do governo, mas pontuou em especial a reforma política, proposta que credenciou mais uma vez ao aliado Aécio Neves.
"Aécio Neves está trazendo uma pauta importante, que é a da reforma política. O sistema político faliu, ruiu, e a ideia do senador Aécio Neves vem em boa hora. A reforma política talvez seja, fora da pauta econômica, uma agenda urgente", defendeu.
Durante o encontro, Aécio Neves entregou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que registrou ontem no Senado, em conjunto com o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). De acordo com o tucano, os dois pontos principais da proposta são o fim de coligações proporcionais e o restabelecimento de uma cláusula de barreira, que exige um número mínimo de votos para atuação de um partido ou parlamentar.
O objetivo de Aécio é diminuir a quantidade de legendas políticas que, segundo ele, hoje inviabilizam a atuação no Poder Legislativo. A PEC começa a tramitar pelo Senado, mas Aécio disse que gostaria, desde já, contar com o apoio do novo presidente da Câmara.
O tucano elogiou a eleição de Rodrigo Maia e disse que a vitória irá "oxigenar a política brasileira". Segundo Aécio, um compromisso de Maia, e que ele já tem posto em prática, é a "pacificação política" e a união dos blocos em torno de um objetivo comum.