Naira Trindade, Paulo de Tarso Lyra
postado em 19/07/2016 07:26
Depois da comemoração, o trabalho. O presidente em exercício, Michel Temer, receberá hoje para um jantar no Palácio do Jaburu os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na pauta do encontro, as matérias que o governo espera serem votadas na volta do recesso parlamentar, ciente de que os trabalhos nas duas Casas devem ser mais lentos por causa das Olimpíadas em agosto e das eleições municipais, que terão o segundo turno no fim de outubro.
Para tentar diminuir o problema, Maia propôs duas sessões semanais da Câmara durante o recesso branco, possivelmente às segundas e às terça-feiras, quando as campanhas municipais estão mais leves. A Casa iniciará os trabalhos em agosto com duas pautas importantes para o governo e que precisam ser votadas com certa urgência: a renegociação das dívidas estaduais, fechada por Temer com os 27 governadores em uma reunião no Planalto em 20 de junho; e o projeto que altera as regras e permite a participação de outras empresas na exploração dos campos do pré-sal.
[SAIBAMAIS]O governo quer ver votada também, até o fim do ano, a emenda constitucional que estabelece o limite de gastos da União atrelado à inflação do ano anterior. Mas sabe que essa tarefa é mais difícil, já que, por ser uma PEC, necessita de tramitação por comissões especiais e quórum qualificado nas duas Casas ; 308 votos na Câmara e 49 no Senado. O mercado abstraiu essa perspectiva e trabalha com a hipótese de a matéria só ser votada na semana que vem.
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), espera que a eleição de Maia signifique um novo momento na relação entre as duas Casas. Na semana passada, após receber a visita do demista, o peemedebista reclamou que, durante a gestão de Eduardo Cunha, repetidas vezes enviou matérias aprovadas pelos senadores que morriam pelos corredores da Câmara.
Em um gesto de boa vontade e distensionamento político, Temer decidiu manter André Moura (PSC-SE) como líder do governo na Câmara. O recado dado ao parlamentar sergipano, no entanto, foi inequívoco: se quiser continuar contando com o respaldo do Planalto, Moura precisa de se descolar do seu grupo anterior, formado em torno da figura de Cunha, e aproximar-se mais do atual bloco hegemônico de poder na Casa e no Planalto.