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Morre Francisco Fausto, ministro que lutou contra o trabalho escravo

O ex-presidente do TST Francisco Fausto foi homenageado, mas doou prêmio para entidades que também combatiam exploração de trabalhadores

Eduardo Militão
postado em 30/07/2016 15:30
O ex-presidente do TST Francisco Fausto foi homenageado, mas doou prêmio para entidades que também combatiam exploração de trabalhadores

Reconhecido nacionalmente como combatente do trabalho escravo e do trabalho infantil, o ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Francisco Fausto morreu neste sábado (30/7), aos 81 anos, em Natala (RN). Ele lutava contra um mileoma, espécie de de câncer no sangue, mas teve uma parada respiratória, no hospital.

O velório acontece hoje Centro de Velório São José, em Natal, a partir das 10h. Será sepultado no domingo, às 10h, no cemitério Morada da Paz, na capital potiguar. Fausto estava viúvo há cinco anos e deixa seis filhos.

Um deles, o juiz da 16a Vara do Trabalho de Brasília, Luís Fausto, recordou-se do exemplo que recebeu em casa. ;Ele sempre foi minha referência, mas involuntária, ele não me doutrinava;, contou ao Correio. ;Ele inspirava sem dizer.; Segundo ele, seu pai era ;um homem muito culto, amigo dos amigos e um humanista, que gostava de gente;. ;Era um juiz do trabalho vocacionado, e criado com o princípio do direito do trabalho debaixo do braço.; A filha Karla Marinho publicou uma homenagem ao pai no Facebook hoje: ;Sentirei falta do meu pai, o seu jeito calado, mas amava os filhos e os netos;.

O presidente das Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), Germano Siqueira, lembrou em nota da importância do colega. ;Disse em certa ocasião: ;O trabalho escravo é uma caixa-preta que, quando for aberta, vai escandalizar o país;.; A atuação de Franscisco Fausto ajudou a acabar com fraudes na defesa dos trabalhadores. ;A luta do ministro em defesa da Justiça do Trabalho ganhou destaque em 2003, quando defendeu a extinção das Comissões de Conciliação Prévia (CCPs) nos locais onde não houvesse superação de irregularidades;, destaca a nota da Anamatra. ;Na época eram muitas fraudes, com conciliadores recebendo até R$ 50 mil reais por mês;, lembrou Siqueira.

O jornalista Irineu Tamanini, que trabalho com o magistrado, disse que ele foi um melhores ministros de sua época. ;Ele foi homenageado pela CUT: entrou no auditório e foi aplaudido de pé. Você imagina?; O colega do Francisco Fausto lembra os medos do ministro. ;Ele tinha um medo de elevador; para entrar em elevador e avião.... Mas de elevador ele tinha mais medo. Era espirituoso, engraçado. Eu lamento muito.;

Francisco Fausto recebeu o prêmio ;Direitos Humanos; do governo federal em 2003 por sua luta contra o trabalho escravo. Ele doou os R$ 10 mil obtidos com a homenagem para a Comissão Pastoral da Terra (CPT) da região de Xingüara (PA), a fim de ajudar nas atividades de erradicação do problema nas imediações do município.

Nascido em Areia Branca (RN) em 1935, Francisco Fausto foi juiz do trabalho em Natal e Recife (PE), desembargador em Pernambuco e, a partir de 1989, ministro do TST. Ao deixar a presidência da corte superior, em junho de 2004, se aposentou da magistratura.

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