O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo Filho, investigado na Operação Lava-Jato, negou ter informações sobre ;blindagem; de empreiteiros ou pagamento de propinas para políticos em troca de proteção às construtoras nas duas CPIs da Petrobras que presidiu em 2014. Ele foi testemunha de defesa do ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF) na ação em o ex-parlamentar é acusado de pedir R$ 35 milhões em propina para evitar que os executivos das empresas fossem convocados. O ministro, que também foi senador, é alvo de inquérito com suspeita semelhante que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos integraram CPIs do caso e negam as acusações de ;blindagem;.
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Em audiência por videoconferência para a 13a Vara Federal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro, na sexta-feira (29/7), Vital disse que não se recorda se Gim ou outra pessoa o abordou para que algum representante de empreiteira não fosse convocado na comissão. O ministro do TCU disse que não ouviu sequer boatos de possíveis ofertas ou pagamentos de propinas pela não convocação de pessoas à CPI .;Não, absolutamente;, respondeu, quando questionado pela defesa de Gim, que é réu no processo criminal da Operação Lava-Jato e está preso no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), na região metropolitana de Curitiba.
Vital negou que ele, Gim Argello ou outros políticos tenham acertado receber doação eleitoral em troca de benefícios de empreiteiras. ;Não, claro que não;, respondeu o ministro, em depoimento prestado a partir da Justiça Federal de Brasília.
O ministro confirmou que, em novembro de 2014, houve uma reunião de uma das duas CPIs para obter documentos das empresas a fim de não ser necessário convocar os empreiteiros e executivos. Mas a decisão foi tomada em conjunto, segundo Vital, embora sem consenso absoluto, com deliberação por voto. ;Todos os requerimentos pautados eram, através do colegiado de líderes, com toda a participação dos membros da CPI, processualizados (sic) e iam à votacao individual. O restante dos requerimentos poderiam ser destacados.;
Vital disse que não conhece o ex-secretário-geral da Mesa da Câmara Legislativa Valério Neves, contador apontado como participante do esquema. A Procuradoria confirmou de Vital que ele responde a inquérito no STF pelos mesmos fatos e preferiu não fazer mais perguntas. O ministro já negou ter recebido qualquer tipo de propina do esquema.
;As convocações eram previamente definidas pelo colégio de çíderes, e só então submetidas pela presidência à deliberação do plenário; fato que por si só repele qualquer possibilidade de manipulação da agenda da Comissão;, disse ele em nota em 24 de junho. ;Atribuem-se ilações caluniosas ao meu nome, baseadas em supostos poderes que eu sequer detinha.;
Segundo o Ministério Público, Gim pediu R$ 35 milhões a sete empreiteiras em troca de proteção na CPI. Ele obteve R$ 7,2 milhões e injetou em campanhas políticas de aliados e em uma paróquia em Taguatinga. O ex-senador nega as acusações.