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Após tentativa de protelação, votação no Senado deve ocorrer ainda hoje

Senadores ainda tentaram acordo para interromper a sessão, mas não houve consenso. Discursos seguem na tribuna

postado em 09/08/2016 16:48

Senadores ainda tentaram acordo para interromper a sessão, mas não houve consenso. Discursos seguem na tribuna A sessão que decidirá se a presidente afastada, Dilma Rousseff, vai a julgamento final começou com senadores da nova oposição tentando adiá-la com questões de ordem. A estratégia para protelar o processo tomou quase toda a manhã desta terça-feira (9). O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediram que os trabalhos fossem suspensos até que novas delações premiadas, incluindo a do empresário Marcelo Odebretch, que citam o presidente interino, Michel Temer, fossem analisadas.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandoswski, afirmou que as questões de ordem levantadas eram "estranhas ao processo de impedimento". A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) alegou suspeição do senador Antonio Anastasia (MG) como relator, por ele ser filiado ao PSDB, mesmo partido do advogado Miguel Reali Júnior, um dos três autores do pedido de impeachment. Citando o regimento do Senado, Lewandoswski afirmou que não havia motivos técnicos para a suspeição.

[SAIBAMAIS]

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da minoria na Casa, insistiu na estratégia. Ele solicitou que a sessão fosse suspensa para que o Senado pudesse tomar o depoimento do procurador da República Ivan Cláudio Marx, que afirmou que as chamadas "pedaladas fiscais" não configurariam crime. Lewandoswski também negou o pedido.

O senador Romero Jucá, que perdeu o cargo de ministro no governo Temer após ser flagrado em conversa tentando por fim à Operação Lava-Jato, ironizou a estratégia dos aliados da presidente Dilma Rousseff. "Depois que João Santana foi preso, o PT adotou a estratégia da seleção uruguaia. É a estratégia celeste. Estão dando de bico e fazendo ;cai cai;. Esse é o jogo deles. Ficam chutando a bola pra fora toda hora. Mas não adianta", salientou.


Relatório


Logo após a análise das questões de ordem, Lewandoswski concedeu 30 minutos para que Anastasia apresentasse um resumo do parecer. "Desde logo esclareço que não tem o impeachment qualquer conotação penal. Não está aqui a decidir sobre a liberdade da acusada. O que se procura no impeachment não é punir a autoridade nessa perspectiva, mas proteger a Constituição mediante o afastamento de um presidente que coloca em risco seus valores fundamentais", salientou.

Ele voltou a bater na tecla de que Dilma violou a legislação brasileira. "Por qualquer ângulo em que se analise a questão, conclui-se, portanto, que não apenas se alterou o orçamento sem autorização do Congresso, como também se executaram despesas não autorizadas, fato tipificado, inclusive, como crime comum e crime de responsabilidade autônomo", disse.

A sessão foi interrompida às 13h e retomada às 14h30. Cada senador tem 10 minutos para apresentar seus argumentos a favor ou contra o relatório de Anastasia. O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), tentou desqualificar a tese de golpe. "Ela (Dilma) foi eleita pelo voto direto sim. Não me venham com essa conversa de golpe. Golpe é quando tem avião voando e tanques na rua. Aqui não tem nada disso. Aqui o que existe é a Constituição. Vamos exercer o nosso papel com moderação", declarou.


Celeridade


Para agilizar a sessão, a bancada do PSDB no Senado abriu mão de se pronunciar na tribuna da Casa. O grupo de senadores escolheu o Aécio Neves (PSDB-MG) para representá-lo. O político mineiro defendeu o relatório do senador Antonio Anastasia e disse que não cabe qualquer ataque a "um dos mais qualificados homens públicos". Senadores do PMDB devem adotar a mesma estratégia.

Um grupo de senadores ainda tentou fazer um acordo para que o presidente do STF encerre a sessão às 23h e retome para votação amanhã de manhã, mas não houve consenso. Senadores seguem na tribuna e a expectativa é de que a votação aconteça antes da meia-noite.

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