Politica

Cunha ganha sobrevida após manobra articulada por aliados do parlamentar

Pelo regimento, a votação já poderia ter ocorrido ontem, uma vez que o relatório do Conselho de Ética foi lido na segunda-feira

postado em 11/08/2016 06:38
Maia (DEM-RJ) informou que o processo contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ) será votado em 12 de setembro

Numa manobra articulada pelos aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com aval do Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou ontem que o processo que pede a cassação do peeemdebista só será votado em 12 de setembro. Há um temor na base aliada de que, cassado e abandonado, o parlamentar poderia cair atirando e, assim, prejudicar o andamento do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, que entra em sua reta final no Senado. Pelo regimento, a votação já poderia ter ocorrido ontem, uma vez que o relatório do Conselho de Ética foi lido na segunda-feira.

Pela manhã, antes de anunciar a data, Maia negou qualquer tipo de manobra para favorecer Eduardo Cunha. Ele destacou que a pressão da oposicão é legítima e que é absolutamente natural cada um defender seu ponto de vista. ;Tudo é legítimo. A oposição quer votar amanhã, como exemplo. A base do governo quer votar depois do impeachment. Do ponto de vista político, tudo é legítimo.;



Ele salientou que a data definida respeita a média histórica de tramitação do processo de cassação após leitura do parecer em plenário. ;O importante é respeitar a média histórica dos processos de cassação dessa Casa, respeitando a opinião de todos os líderes.; Questionado sobre o fato de a oposição afirmar que ele faz o ;serviço; de Cunha, Maia ressaltou que as críticas são naturais. ;É da democracia. Todos têm direito de colocar o seu ponto de vista e pressionar a Presidência da Câmara.;

[SAIBAMAIS]O adiamento foi articulado durante café da manhã, na terça-feira, na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados. O único líder presente que se posicionou contra foi Rubens Bueno (PPS-PR). Ontem, ele ratificou seu posicionamento. ;Claro que não concordo com esse adiamento. Aliás, tenho um posicionamento muito claro a respeito disso, mesmo respeitando a posição dos líderes. Acho que a Câmara precisa conferir uma resposta à altura ao povo brasileiro. O processo, depois de dez meses, está pronto. Passou da hora de nós dizermos se ele fica na Casa ou se vai ser cassado.;

Bueno ressaltou que, mesmo enfraquecido, Cunha ainda tem uma base forte na Casa. ;Tanto é verdade que ele foi eleito no primeiro turno, não com nosso voto. Continua com a base, mais fragilizada, evidentemente, depois da decisão do Conselho de Ética. Passou da hora de votarmos.;

O líder do PSol na Câmara, Ivan Valente (SP), afirmou que há ;um conluio entre o presidente Rodrigo Maia e os líderes da base aliada. Todos os líderes, menos o do PPS, e ainda com o presidente interino, Michel Temer. Trata-se de um ajuste para que a cassação de Eduardo Cunha não interfira no processo de impeachment e também no processo eleitoral porque, até agora, não temos nenhuma garantia de que será votado antes das eleições.;

Ele acusou Maia de ser o grande mentor dessa articulação. ;O principal responsável por isso se chama Rodrigo Maia. Ele está mancomunado com Cunha e com receio de que a delacão de Eduardo Cunha, que é capaz de cair atirando, cause enormes prejuízos a Temer e à base aliada;, disse.

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