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Politica

Ministro critica Mercedes por informar demissões por telegrama

"O trabalhador precisa contar com o respeito e o ato generoso na hora de ser demitido.", afirmou Ronaldo Nogueira

O ministro do Trabalho e Emprego do governo interino, Ronaldo Nogueira, criticou nesta sexta-feira (19/8) os telegramas enviados pela Mercedes-Benz para comunicar demissões a funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

[SAIBAMAIS]Sobre as cartas despachadas aos empregados que serão dispensados no mês que vem, Nogueira cobrou uma relação respeitosa da multinacional de origem alemã. "O trabalhador precisa contar com o respeito e o ato generoso na hora de ser demitido. Tem que ser chamado, tem que ser olhado nos olhos. Trabalhador não é objeto, trabalhador tem alma, sentimento, é um ser humano", afirmou Nogueira.



Após se reunir nesta sexta-feira com o sindicato que representa os operários do parque industrial da Mercedes no ABC, o ministro informou que vai procurar a direção da montadora. Ressaltou também que o governo vai se colocar à disposição para intermediar as negociações entre as partes, com o objetivo de "construir um formato que não seja traumático ao trabalhador".

Pouco mais de 2 mil trabalhadores, número considerado como mão de obra excedente na fábrica da Mercedes - ou cerca de 20% do total empregado -, estão com empregos em risco. O sindicato dos metalúrgicos do ABC ainda não sabe exatamente quantos empregados receberam o telegrama, mas, pelas mãos de funcionários levantadas em assembleias, estima que mais de mil receberam a carta.

Nesta sexta-feira, a entidade volta a discutir alternativas contra as demissões em reunião com representantes da montadora. Será o terceiro encontro entre as partes desde que os telegramas começaram a ser enviados, disse Rafael Marques, presidente do sindicato do ABC.

Segundo ele, as propostas em negociação abrangem mecanismos de flexibilização já existentes - entre eles, a reedição do programa de proteção ao emprego (PPE), a suspensão temporária dos contratos de trabalho ("lay-off") e o lançamento de um novo plano de demissões voluntárias. O sindicalista admite, contudo, que as negociações estão difíceis.