Jornal Correio Braziliense

Politica

Em discurso, Dilma Rousseff volta a dizer que há um golpe em andamento

Dilma argumentou que novas eleições são a única maneira de combater a %u201Cruptura democrática%u201D que está em curso no país



Dilma também destacou que o grupo que está no poder tem anunciado a adoção de medidas impopulares, que não foram aprovadas nas urnas. Sobre as críticas recebidas por ter apresentado sua defesa no Congresso e no Supremo, apesar de sustentar que o processo é um golpe, Dilma disse que continua respeitando as instituições democráticas: ;Nós respeitamos as instituições, não os golpistas ; é diferente ; e temos que saber viver em um regime democrático e temos usados todos os instrumentos para resgatara democracia no país;.

Em sua fala, a presidenta afastada argumentou que a democracia no Brasil ;não caiu do céu e não surgiu do nada; e lembrou que nesta quarta-feira (24) faz 62 anos que o suicídio do presidente Getúlio Vargas, segundo ela, impediu uma ruptura democrática no país. Segundo Dilma, Vargas suicidou-se porque ;queria preservar a democracia no nosso país e sabia que ela estava em risco naquele momento. E ele adiou o golpe por muito tempo;, avalia. ;Hoje, eu não tenho de renunciar nem me suicidar, não tenho que fugir pro Uruguai, é outro momento histórico;, afirmou.

Dilma fechou o discurso dizendo que na vida ;a gente sempre tem que lutar; e que esse processo de impeachment mostrou para ela que não existe democracia garantida: ;Eu achei, em determinado momento da minha vida, que nunca mais eu ia ver processos arbitrários, que eu nunca mais ia ver rupturas democráticas e golpes de estado, e estou vivendo um de forma bastante intensa;. Segundo Dilma, da mesma forma que lutou contra a ditadura militar, vai continuar lutando para aprofundar a democracia no Brasil.

O Ato em Defesa da Democracia foi convocado pela Frente Brasil Popular e reuniu representantes de movimentos sociais e centrais sindicais, além dos ex-ministros de Dilma, Eleonora Menicucci, Míriam Belchior, Jaques Wagner, Patrus Ananias e Miguel Rosseto.

Julgamento

Para que Dilma seja afastada em definitivo do mandato de presidenta da República, são necessários dois terços dos votos, ou seja, no mínimo 54 dos 81 senadores. Neste caso, Dilma fica inelegível por oito anos e o vice-presidente Michel Temer, atual presidente interino, assume definitivamente o cargo de presidente, para completar o mandato até 2018. Se o mínimo necessário para o impeachment não for alcançado, a presidenta retoma o mandato e o processo no Senado é arquivado.