A senadora Gleisi Hoffman afirmou, na noite desta sexta-feira (26/8), que não pedirá desculpas aos senadores por uma eventual ofensa quando disse que a Casa não tem ;moral; para julgar a presidente afastada Dilma Rousseff, ré em processo de impeachment no Parlamento. Ela ainda reiterou o que dissera na quinta-feira. ;Uma parte dos senadores não pode participar;, reafirmou Gleisi. ;Eu mesma respondo a inquérito;, lembrou, ao se referir a um caso em que o Ministério Público a acusa no Supremo Tribunal Federal de receber R$ 1 milhão em propina desviada da Petrobras.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que pretende ingressar com uma queixa contra Gleisi no Conselho de Ética ; em caso de condenação no colegiado e no plenário, poderia haver até cassação de mandato. Mas a senadora petista disse que não ofendeu o Senado. ;Não pretendo fazer pedido de desculpas. Não ofendi a instituição.;
Gleisi destacou que não existe crime cometido por Dilma Rousseff e disse que ;pedalada é uma farsa;. ;Em 2015, a presidenta fez um ajuste fiscal muito forte;, afirmou a senadora, para quem isso foi um erro.
Ela destacou que a Procuradoria da República no Distrito Federal não considerou crime as chamadas ;pedaladas fiscais;, o atraso no pagamento de bancos públicos para repasse a programas sociais e de incentivo a produtores rurais.
Apuração em 2014
A bancada do PT tem usado argumento de que a Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF) investigou as pedaladas fiscais, mas não viu crime, portanto, Dilma Rousseff estaria isenta de qualquer punição. ;Crime para o Ministério Público é crime para o Congresso Nacional;, disse Gleisi. Os petistas têm argumentado que a apuração da Procuradoria se refere também a 2015, como acontece com o julgamento de hoje no Senado.
Porém, uma nota da PRDF divulgada no final da tarde desta sexta-feira informa que apuração se referiu a 2014 apenas. Nela, o procurador Ivan Cláudio Marx concluiu que não existiu crime comum nas chamadas ;pedaladas fiscais; daquele ano. Portanto, ninguém poderia ser considerado culpado ; inclusive Dilma, segundo fontes ouvidas pelo jornal. No entanto, a nota destaca que, ;em momento algum;, a conduta da presidente afastada foi investigada.
Apesar disso, Ivan Marx concluiu que houve ato de improbidade administrativa em 2014. Os autores dessa irregularidade ainda estão sendo identificados. A apuração sobre eventuais crimes e atos de improbidade em 2015 está em andamento.