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'Entre os meus defeitos não está a deslealdade e a covardia', diz Dilma

Dilma lembrou que, quando lutava contra a ditadura, recebeu em seu corpo as marcas da tortura e viu muitos companheiros assassinados, mas mesmo assim não cedeu

Agência Estado
postado em 29/08/2016 13:27
A presidente afastada da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira, 29, que acolhe as críticas ao seu governo com humildade, reconhecendo que tem defeitos e comete erros. A declaração foi dada durante seu discurso no Senado, no julgamento do processo de impeachment. "Nessa jornada para me defender do impeachment, ouvi críticas duras ao meu governo, a erros que foram cometidos e a medidas e políticas que não foram adotadas. Acolho essas críticas com humildade", comentou no início de sua apresentação. "Entre os meus defeitos não está, no entanto, a deslealdade e a covardia" acrescentou.

Dilma lembrou que, quando lutava contra a ditadura, recebeu em seu corpo as marcas da tortura e viu muitos companheiros assassinados, mas mesmo assim não cedeu. "Tinha medo da morte, das sequelas da tortura no meu corpo e na minha alma. Mas não cedi. Resisti. Resisti à tempestade de [SAIBAMAIS]terror que começava a me engolir, na escuridão dos tempos amargos em que o País vivia. Não mudei de lado. Apesar de receber o peso da injustiça nos meus ombros, continuei lutando pela democracia." A petista afirmou que, desde aquela época, luta pela democracia e por uma sociedade sem ódios e intolerância, livre de preconceitos e discriminação, onde não haja miséria ou excluídos "Aos quase setenta anos de idade, não seria agora, após ser mãe e avó, que abdicaria dos princípios que sempre me guiaram."

Dilma afirmou que foi intransigente na defesa da honestidade na gestão da coisa pública e que, diante das acusações que lhe são dirigidas, não pode "deixar de sentir na boca novamente o gosto áspero e amargo da injustiça e do arbítrio". Diante disso, alertou aos seus acusadores para não esperarem dela o "silêncio obsequioso dos covardes". "Se alguns rasgam o seu passado e negociam as benesses do presente, que respondam perante a sua consciência e perante a história pelos atos que praticam. A mim, cabe lamentar pelo que foram e pelo que se tornaram."



A presidente afirmou que não tem apego ao poder e não luta pelo cargo por vaidade, algo que "é próprio dos que não têm caráter, princípios ou utopias a conquistar". Segundo ela, sua energia para lutar contra o impeachment vem da sua história. "O mais importante é que posso olhar para mim mesma e ver a face de alguém que, mesmo marcada pelo tempo, tem forças para defender suas ideias e seus direitos."

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