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Brasil está prestes a mudar de mentalidade, diz Miguel Reale Júnior

Ele defendeu que o Brasil está dando uma imensa demonstração de democracia para o mundo, porque mesmo com os noves meses de duração do processo de impeachment, não houve nenhum risco para o processo democrático



Reconhecimento da defesa
O jurista Miguel Reale Júnior afirmou também que a defesa da presidente afastada da República, Dilma Rousseff, reconhece uma "irresponsabilidade larga e admitida" no controle das contas públicas, ao não cumprir as determinações das leis orçamentárias "A Lei de Responsabilidade Fiscal é de precaução, por isso que a Constituição estabelece controles bimestrais e quadrimestrais. O papel do Congresso é de fiscalização do Orçamento. Agora o governo pensava: ;para que aprovar leis se posso baixar decretos suplementares em desrespeito ao Congresso?", comentou.

Ele afirmou que houve crime de responsabilidade por parte de Dilma e criticou a gestão do Plano Safra, cujos pagamentos eram canalizados pelo Banco do Brasil. "Ninguém é contra beneficiar o agricultor, o problema não está aí. O que não se quer é que o Tesouro seja financiado pelo Banco do Brasil", disse. Segundo Reale Júnior, Dilma demonstrou no seu depoimento na segunda-feira, 29, conhecimento de "pequenos detalhes" da política fiscal. "Então como não imaginar que ela não soubesse do quadro geral?", perguntou.

O jurista fez um discurso altamente político, deixando para sua antecessora na tribuna, Janaína Paschoal, as argumentações mais técnicas. Sua fala gerou uma crítica da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que destacou justamente o caráter político da argumentação. Reale Júnior afirmou que o impeachment nasceu dos protestos populares e pediu que o Senado puna Dilma. "Ela não merece mais a confiança para continuar a controlar a vida dos brasileiros."