Simone Kafruni
postado em 01/09/2016 09:03
Michel Temer venceu a primeira batalha e foi confirmado ontem como presidente do Brasil até 2018. Com a interinidade, no entanto, deixou para trás a fase menos exigente da sua gestão. A partir de agora, terá que matar um leão por dia para sobreviver politicamente, manter a sustentação no Congresso Nacional e garantir a governabilidade. Tanto a lua de mel com o mercado financeiro quanto o apoio da base aliada têm prazo de validade. Por isso, alertam os especialistas, Temer só consolidará sua legitimidade no cargo se ganhar cada uma das duras etapas que tem pela frente.O primeiro desafio será destravar a pauta da Câmara dos Deputados para dar vazão a uma série de projetos, entre eles, a votação de quatro destaques da renegociação das dívidas dos estados. Na opinião do cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB), com a Presidência permanente, Temer terá mais força para negociar. ;Eu acredito que fará uma reforma ministerial ainda em setembro. Mas o maior desafio será, seguramente, o reajuste do Judiciário;, afirmou.
O professor ressaltou que o presidente só conseguirá manter a autoridade se vetar o aumento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do procurador-geral da República. ;São carreiras que provocam efeito cascata. Além disso, se ele permitir para uma categoria, todas as outras vão querer. Se não mantiver suas propostas de austeridade fiscal, vamos caminhar para os rumos da Grécia. O próprio ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, já admitiu isso;, destacou.
O mercado financeiro deu uma trégua para Michel Temer desde o afastamento de Dilma Rousseff. Contudo, afirmou Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, espera pela contrapartida. ;O mercado quer a aprovação da PEC dos Gastos (Proposto de Emenda Constitucional 251/2016, que limita o aumento dos gastos públicos à inflação do ano anterior);, enfatizou. ;Passada essa fase, o governo precisa mostrar que tem uma base aliada suficiente para aprovar as medidas que estão tramitando e aquelas que ele tem que apresentar lá na frente;, acrescentou.
Para o economista, o mercado quer ver até que ponto Michel Temer terá apoio para colocar em prática o menu de medidas impopulares ventilado pela equipe econômica. ;O primeiro desafio é o reajuste do STF. Isso foi deixado de lado para aprovação do impeachment. Agora, será retomado. O presidente precisa definir o que fará, em linha com a política de austeridade. No fundo, ele vai mostrar se terá ou não governabilidade, que é o que Dilma não tinha;, emendou.
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