O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta segunda-feira (5/9) que o número de pessoas que protestaram contra o governo Michel Temer no domingo, dia 4, é "substancial", mas representa uma parcela minoritária da população. "Já tivemos manifestações muito maiores, já tivemos manifestação de 1 milhão de pessoas", declarou o ministro em entrevista na China, onde participou de reunião do G-20.
Segundo ele, é "normal" que aqueles que se opuseram ao processo de impeachment se expressem. "Não vejo isso como nenhum tipo de problema. Muito pelo contrário, acho que isso é parte da democracia, parte do debate livre do País, exatamente o que garante, legitima ainda mais o fato de que o processo é democrático, constitucional", disse. Na sua opinião, a existência de uma "discussão aberta" sobre o processo de impeachment ajuda a legitimá-lo "frente ao mundo".
Organizadores estimaram que 100 mil pessoas participaram do protesto realizado na Avenida Paulista no domingo. Como em dias anteriores, a maior parte da manifestação foi pacífica, mas depredações promovidas por pequenos grupos ocorreram no fim da noite.
[SAIBAMAIS]Em entrevista concedida no sábado (3/9) na China, Temer afirmou que os protestos contra seu governo eram "inexpressivos" e realizados por "grupos mínimos". Criticando atos de violência, ele se referiu a manifestantes com uma pergunta: "As 40 pessoas que quebram carro?". No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, também menosprezou os protestos, classificando os movimentos como "mini".
Meirelles sustentou que os protestos não vão atrapalhar a votação da proposta de emenda constitucional que estabelece um teto para o crescimento de gastos nem das propostas de reformas previdenciária e trabalhista, medidas consideradas impopulares. Segundo ele, o ajuste fiscal será "fundamental" para o processo de recuperação econômica, o que sensibilizará os parlamentares. Integrantes do Congresso, no entanto, que também são sensíveis às urnas, pressionam o governo a adiar o envio do projeto de reforma da Previdência para depois das eleições municipais de outubro.
A intenção inicial do governo era mandar o texto ao Legislativo até o fim do mês. O ministro da Fazenda evitou falar em prazos e afirmou que o projeto será encaminhado quando estiver pronto. "É uma coisa que terá efeito por décadas", disse Meirelles, ressaltando que "um ou dois meses" não farão grande diferença.