O ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o ;Léo Pinheiro;, pediu nesta terça-feira (6/9) para ser ouvido pelo juiz da Operação Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro, e prestar esclarecimentos na ação criminal em que é acusado de pagar propina ao ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF). O objetivo, diz, é colaborar com ;o esclarecimento dos fatos;. De acordo com o Ministério Público, o ex-executivo liderou um grupo de empreiteiros que queriam se blindar em duas CPIs da Petrobrás realizadas em 2014, a fim de evitar depoimentos, apurações e constrangimentos.
[SAIBAMAIS]Há pouco menos de duas semanas, em 24 de agosto, Léo Pinheiro negou-se a falar no processo. Fazia dois dias que ele tinha perdido sua negociação de delação premiada com a Procuradoria Geral da República. Na segunda-feira (5/9), Sérgio Moro ordenou sua prisão, tendo em vista pedido do MPF de março, em que ele era acusado de ser um risco para obstruir as apurações e até a CPI da Petrobras.
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Hoje, o advogado de Leo Pinheiro, Edward de Carvalho, requereu marcação de novo interrogatório, ;a fim de que colabore com os esclarecimentos dos fatos; do caso relacionado à comissão de inquérito e o ex-senador, que também está preso no Paraná.
De acordo com Edward, a defesa fez ;uma avaliação nova; da situação do cliente. ;A intenção é colaborar com a instrução;, afirmou ele ao Correio na tarde desta terça-feira. O defensor não quis adiantar quais temas específicos serão explicados por Léo Pinheiro, como emails em que ele acerta com outros executivos de construtoras a aproximação a parlamentares das CPIs da Petrobras e o andamento de requerimentos de convocação de representantes de empresas. Para a Polícia Federal e o Ministério Público, Léo Pinheiro era o líder dos empresários que corromperam parlamentares na comissão.
Sérgio Moro deve decidir ainda hoje se autoriza ou não o depoimento do réu, acusado de pagar R$ 350 mil em propinas a Gim, por meio de um repasse para uma paróquia indicada pelo ex-senador. De acordo com o artigo 196 do Código de Processo Penal, ;a todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório; dos réus em ações criminais.
O advogado de Gim, Marcelo Bessa, disse que não comentaria o pedido de Léo Pinheiro. ;Vou me manifestar nos autos, assim que o juiz oficiar as partes;, afirmou ao jornal. Gim afirmou a Sérgio Moro em depoimento que não recebeu propinas, mas apenas solicitou doações eleitorais de maneira oficial para a sua campanha e para a de aliados como o ex-governador José Roberto Arruda (PR) e a familiares do ex-governador Joaquim Roriz (PSC). O ex-senador assegurou que nunca colocou em negociação nenhum tipo de proteção aos empreiteiros que seriam investigados nas CPIs da Petrobras das quais participou. Em uma delas, ele foi vice-presidente.
Segundo a investigação, Gim pediu R$ 35 milhões em dinheiro a sete empreiteiras em troca de blindagem nas comissões de inquérito. O senador obteve R$ 7,2 milhões, dinheiro que foi pago à Paróquia São Pedro, em Taguatinga, e às campanhas de Arruda, do deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF), da deputada distrital Liliane Roriz (ex-PRTB, hoje no PTB) e do ex-candidato a deputado distrital Joaquim Neto (PMN).