O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, atacou os críticos da Operação Lava-Jato e do pacote de projetos anticorrupção proposto pelo Ministério Público, as chamadas "dez medidas". "As forças do atraso, que não desejam mudança de nenhuma ordem, já nos bafejam com os mesmos ares insidiosamente asfixiantes do logro e da mentira", afirmou ele na sessão de posse da nova presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha. O discurso foi proferido na presença de investigados e réus do caso, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Janot, há uma "campanha desonesta" para desmoralizar juízes, procuradores e delegados. "Atos midiáticos buscam ainda conspurcar o trabalho sério e isento desenvolvido nas investigações da Lava-Jato."
O procurador disse que a operação revelou crimes concretos e também as deficiência do sistema político e econômico. "Descobrimos a latitude exata do entrocamento entre o submundo criminoso da política e o capitalismo tropicalizado de compadrio, favorecimento e ineficiência", afirmou.
Por isso, Janot propôs dois caminhos que devem ser escolhidos. Num deles, considerado "inaceitável", o que se faz é "calar os que bradam a verdade inconveniente" e fazer mudanças superficiais que não alteram a situação.
A outra é o engajamento da sociedade e a "autodepuração" do sistema político e jurídico em buscar um "novo arranjo democrático, que repila a corrupção e a impunidade na forma de fazer política". Para isso, Janot defendeu o pacote de projetos de lei chamados de "dez medidas", que estão no Congresso. Ele afirmou que as proposições podem ser melhoradas e debatidas, pois são um ponto de partida no debate. Mas rejeitou as críticas puras e simples. "Se as nossas propostas não são boas, pois que se apresentem outras melhores."