Eduardo Cunha viu a carreira política despencar com quase a mesma velocidade com que ascendeu. Carioca, filho de imigrantes italianos, ele começou a trabalhar aos 14 anos e, quando se formou em economia, trabalhava como auditor no Rio de Janeiro. Passados dois anos atuando, se envolveu com a política. Primeiro, trabalhou em campanhas de candidatos a governador de Minas Gerais, em 1982, e a a governador do Rio de Janeiro, em 1986. Próximo dos 30 anos, já era tesoureiro do comitê eleitoral da campanha presidencial do candidato Fernando Collor de Mello, que se elegeria e chamaria Cunha para integrar a equipe econômica do novo governo.
[SAIBAMAIS] Cunha não teve grandes êxitos na posição, mas um ano depois foi nomeado para presidir a Telerj, a então empresa fluminense de telecomunicações. Era o começo do envolvimento dele em escândalos de superfaturamento e irregularidades em processos de licitação. Ainda assim, o que abalou o cargo foi a abertura do processo de impeachment do então presidente Fernando Collor e a posterior saída dele do governo. Em 1993, quando Itamar Franco assumiu a presidência, Cunho acabou exonerado do comando da Telejr.
Ele passou alguns anos como operador na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, prestando consultorias e alimentando amizades ;promissoras;, como com o ex-ministro da Fazenda e então deputado federal Francisco Dornelles e com o empresário Francisco Silva, o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro à época e dono da Rádio Melodia FM, direcionada ao público protestante.
A primeira vez que se candidatou, concorreu ao cargo de deputado estadual nas eleições do cariocas de 1998. Não foi eleito, mas herdou um cargo de subsecretário de Habitação no governo de Anthony Garotinho no Rio, que nomeou Francisco Silva como secretário da pasta. A aproximação com Garotinho lhe rendeu uma vaga de deputado estadual em 2001. O cargo lhe garantia imunidade nas investigações do Ministério Público por novas irregularidades com licitações, desta vez na Companhia Estadual de Habitação (Cehab).
A carreira política passou, então, a ser impulsionada pela participação como radialista da Rádio Melodia FM, em que tinha apresentações diárias para falar sobre assuntos diversos. Com a maior popularidade e o apoio de Garotinho, conseguiu uma cadeira na Câmara dos Deputado, nas eleições de 2002. Em 2003, tornou-se deputado federal, quando trocou o então Partido Progressista pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
Desde então, tornou a Câmara dos Deputados sua segunda casa. Em 2006, foi reeleito com mais de 130 mil votos e, em 2010, com mais de 150 mil votos. Em 2013, foi eleito líder do PMDB na Casa. Dois anos depois, ele assumia a presidência da Câmara em votação no primeiro turno, com 267 votos. No auge da carreira política, Cunha mandou e desmandou. Protagonizou uma espécie de reinado: ditou ritmo próprio às votações da Câmara e acabou por deflagrar o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff.
No capítulo mais recente da montanha-russa que é a trajetória de Cunha na política, o ex-presidente da Câmara foi afastado e cassado politicamente com uma votação massacrante: 450 votos, 10 contra e 9 abstenções, na madrugada desta terça-feira (13/9). Em março de 2015, foi aberta a CPI para apurar informações de que Cunha e sua família tinham, pelo menos, quatro contas que movimentavam cifras milionárias na Suíça.
O Código de Ética da Câmara constitui motivo para a perda do mandato o ato de ;omitir intencionalmente informação relevante ou, nas mesmas condições, prestar informação falsa nas declarações;. Ele havia sido afastado da presidência pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 5 de maio e renunciado à posição em 7 de julho.