O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua esposa, Marisa Letícia, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e mais cinco pessoas estão na mira da mais nova denúncia da força-tarefa do Ministério Público Federal do Paraná na Operação Lava-Jato. A acusação será anunciada oficialmente na tarde desta quarta-feira (14/9).
Na lista de denunciados, constam pessoas já denunciadas pelo Ministério Público Estadual de São Paulo em relação ao triplex no Guarujá, construído e reformado pela OAS e que seria, na visão dos investigadores, pagamento de propinas por desvios em obras públicas para o ex-presidente. O caso foi remetido ao Paraná e a investigação foi reiniciada.
Veja a lista
Mudança
Lula já foi denunciado e virou réu na Operação Lava-Jato quando o juiz substituto da 10a Vara Federal de Brasília, Ricardo Soares Leite, acolhei a acusação do Ministério Público Federal que o acusava de obstruir a operação ao tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Em 9 de março, o Ministério Público de São Paulo denunciou-o também, mas o caso interrompido porque a juíza da 4a Vara Criminal de São Paulo, Maria Priscilla Veiga, entendeu que ele deveria ser julgado pelo juiz da 13a Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. A papelada foi remetida à Polícia Federal e à Procuradoria do Paraná.
Na ocasião, os promotores de São Paulo acusaram Lula da Silva por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica sob acusação de ocultar a propriedade de um apartamento triplex em frente à praia das Astúrias, em Guarujá (SP). Entre as 16 pessoas arroladas na denúncia à Justiça, estavam Marisa Letícia Lula da Silva, Léo Pinheiro e o engenheiro da OAS Igor Pontes.
Segundo os promotores, o casal Lula e Marisa era o ;possuidor; do apartamento. ;Tem testemunhas que afiançam que ele era o possuidor, o proprietário era a OAS;, disse o promotor Cássio Conserino ao Correio à época. ;A OAS oculta o nome dela (Marisa Letícia).; Para o Ministério Público, foi um ato de lavagem derivado de crimes cometidos contra moradores que compraram cotas de imóveis empreendidas pela Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), que foi a falência e entregou o condomínio Solaris, onde fica o triplex, para a OAS. ;Três mil famílias ficaram sem apartamento, ele ganhou triplex;, avaliou Conserino.
Lula tinha cota do Solaris pela Bancoop, fez visitas ao triplex, que era reformado pela OAS, mas desistiu do negócio após notícias revelando sua presença no edifício. ;Conserino transformou duas visitas a um apartamento no Guarujá em ocultação de patrimônio;, criticou o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins. ;A família do ex-presidente Lula nunca escondeu que detinha uma cota-parte de um empreendimento da Bancoop, tendo solicitado o resgate desta cota no final de 2015.;
Sítio
Lula também é suspeito de ocultar a propriedade de um sítio em Atibaia, reformado pela OAS e pela Odebrecht, empreiteiras no centro do escândalo de corrupção identificado pela Lava-Jato na Petrobrás e em outras estatais. O MPF e a PF no Paraná estão apurando o caso do sítio ainda. ;O ex-presidente Lula não é proprietário nem de triplex no Guarujá nem de sítio em Atibaia, e não cometeu nenhuma ilegalidade;, diz o Instituto Lula sempre que questionado sobre o assunto.
Léo Pinheiro e a OAS têm mantido silêncio sobre o caso. Mas, após uma tentativa frustrada de delação premiada, o ex-presidente da empreiteira procurou Sérgio Moro e garantiu que irá contar tudo o que sabe sobre todos os crimes que cometeu. ;Eu cometi crimes e, para o bem da Justiça do nosso país, para o bem da sociedade, eu estou aqui para falar a verdade e dizer tudo o que eu sei;, afirmou ele ao juiz na terça-feira. ;Eu sei dos crimes que eu cometi. Direi todos os que eu cometi e seja quem for (que estiver) do outro lado.;