O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva usou, nesta quinta-feira (15/9), um discurso sobre sua história política no Partido dos Trabalhadores (PT) para comentar as acusações que pesam sobre ele em denúncia apresentada na quarta-feira (14/9) pelo Ministério Público Federal (MPF). O petista ressaltou o ;orgulho de ter criado o mais importante partido de esquerda da América Latina;. A ação do ministério classificou Lula como "o comandante máximo" do esquema de corrupção investigado pela operação Lava-Jato.
"Como você convoca uma (entrevista) coletiva, gastando dinheiro público para alugar o salão de um hotel pra apresentar prova de um cirme e falar que não tem prova, mas tem convicção?" ironizou o ex-presidente. Lula afirmou que o MPF não apresentou qualquer indício que sustente as acusações feitas contra ele. "Me dedicaram um apartamento e uma chácara que não tenho. Mas não sinto raiva, porque raiva da azia. Não vou perder o meu sonho por causa disto", afirmou.
O ex-presidente disse que duvida que alguém tenha feito mais para fortalecer as instituições como o MPF como ele próprio. "Nós não somos mais honestos que ninguém, mas tiramos o tapete que esconde a corrupção deste país", disse. O ex-presidente só pediu que as instituições ajam com responsabilidade para não condenar injustamente, como estão fazendo.
Lula relembrou o histórico político dele de lutas pelos direitos dos trabalhadores no PT. Disse não ter explicação ;para o espetáculo de pirotecnia; feito por procuradores do MPF. "Provem uma corrupção minha que eu irei a pé para ser preso", afirmou. Relembrou o momento passado por ele e familiares no dia em que a força-tarefa da Lava-Jato fez buscas na casa dele e nas residências dos filhos, em março deste ano. Na ocasião, o petista foi levado para prestar depoimento na Polícia Federal.
[SAIBAMAIS]Antes do pronunciamento de Lula, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez duras críticas ao procurador Deltan Dalllagnol. Falcão afirmou que a coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (14/9) para apresentar as denúncias foi um "grotesco espetáculo" do MPF.
Lula chegou por volta das 12h ao hotel no centro de São Paulo no qual ocorreu a reunião do diretório nacional do PT. Ele evitou passar por onde os jornalistas estavam concentrados aguardando sua chegada e entrou por uma porta alternativa. Alguns apoiadores o receberam com gritos de "Lula, guerreiro, do povo brasileiro".
Um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins, também estava presente. Ele afirmou que a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) é absolutamente "descabida e fantasiosa". Segundo ele, a defesa pretende tomar ações contra essa denúncia, mas ainda está estudando o caso e por isso não irá revelar sua estratégia.
O senador Humberto Costa (PT-PE) disse acreditar que o juiz Sérgio Moro vai aceitar a denúncia contra Lula, já que o objetivo de todo esse esquema é condenar o ex-presidente em segunda instância e, assim, torná-lo inelegível pela lei da Ficha Limpa. Já sobre um eventual pedido de prisão contra Lula, Costa disse que isso seria "um ato de insanidade". "Não há provas, não há nada que diga que Lula cometeu algum crime".
Costa afirmou que o MP deveria buscar a verdade, desprovido de partidarismo, e que o "espetáculo pirotécnico" de ontem prejudicou a imagem da instituição. "Para que existe a investigação? Para se encontrar provas. Não pode acontecer que a sua convicção apenas prevaleça", comentou.
Com informações da Agência Estado