Politica

Candidatos restringem problemas de mobilidade à regulamentação do Uber

Em vez de discutir os problemas no transporte público, candidatos a prefeito de diversas capitais restringem debate à regulamentação do Uber

Naira Trindade
postado em 19/09/2016 06:00
O grande tema impulsionador dos protestos de rua de 2013, a mobilidade urbana, está praticamente de fora das campanhas municipais deste ano. Há três anos, os atuais prefeitos que buscam a reeleição ou a eleição de sucessores, viram seus níveis de aprovação e popularidade despencarem, pressionados pelo slogan ;não são só R$ 0,20; ; relativo ao aumento na tarifa de ônibus de São Paulo. Hoje, o grande embate sobre o tema é a polêmica envolvendo os motoristas de táxis e Uber.

Preocupados em agradar grupos organizados ou ganhar votos de determinadas classes, candidatos destrincham opiniões sobre se vão permitir ou não o uso de aplicativos que cooptam passageiros para transporte em carros particulares. ;Tudo é muito raso porque o prefeito acaba tendo de entrar em temas variados num curto período de tempo e tem pouco espaço para um debate mais aprofundado;, avaliou o cientista política Cristiano Noronha.

Para o cientista político Paulo Kramer, o barulho que as minorias fazem em relação ao tema motiva candidatos a se manifestarem. ;Deveriam pensar em transporte coletivo, mas estão mais atentos aos lobbies concentrados. Os candidatos temem a capacidade de mobilização desses grupos, que eles saiam falando mal deles;, disse.

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No Rio de Janeiro, o candidato a prefeito Carlos Osório (PSDB) foi categórico ao definir: ;Esse é o pior tema da campanha. Mas não adianta brigar com a sociedade. Agora, é injusto deixar do jeito que está. Tem que estabelecer uma regulamentação;, alegou o ex-secretário municipal e estadual de Transportes.

Marcelo Freixo (PSol-RJ) reforçou que o recente serviço precisa de regulamentação. ;É uma fonte de renda de milhares de pessoas, mas precisa ser regulamentado e fiscalizado para garantir os direitos de motoristas e usuários;. Já Pedro Paulo (PMDB), que tem apoio do prefeito Eduardo Paes, promete acabar com o transporte individual. ;O Uber não vai funcionar no Rio (por enquanto, funciona com base em uma liminar). São 50 mil taxistas que a gente não pode deixar na mão;, completou.

Em São Paulo, o candidato do PSDB à prefeitura, João Doria, criticou o adversário e atual prefeito, Fernando Haddad (PT), por decretar sigilo sobre as informações do Uber. ; Tem que ter transparência absoluta, ainda mais num tema como esse, polêmico, que atende ao interesse da população de forma geral. É um equívoco do prefeito;. Polêmica, a resolução de Haddad acabou revogada. ;Antes de publicar algo em relação a sigilo comercial, tem que passar pela Comissão de Acesso à Informação, que decide justamente para evitar que uma secretaria possa tomar uma decisão dessa sem passar pelo gabinete do prefeito;, justificou o petista.

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