O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, demonstrou irritação ao ser questionado sobre a possibilidade de o presidente, Michel Temer, ter inflado os números de refugiados que o Brasil já recebeu. Em discurso durante um encontro sobre refugiados e migrantes na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (19/9), Temer afirmou que o país já abrigou 95 mil refugiados de 79 origens distintas quando, na verdade, o valor adotado pelo Ministério da Justiça é mais de dez vezes menor: 8,8 mil.
[SAIBAMAIS]O embaraço com os dados acontece porque o governo brasileiro concedeu visto humanitário aos 85 mil haitianos que buscaram refúgio no Brasil após o terremoto que assolou o país da América Central. Desse modo, eles não são considerados refugiados pelo Ministério da Justiça. Na definição da pasta, "o refúgio é uma proteção legal que o Brasil oferece a cidadãos de outros países que estejam sofrendo perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas".
"Obviamente que não [inflou os dados]. Isso é algo correto. Os haitianos estão recebendo tratamento jurídico e social exatamente idêntico ao dos outros refugiados. Não é porque são da América Latina que eles não podem ter o mesmo tratamento. O presidente colocou muito bem esta questão e citou exatamente o número de haitianos", defendeu Moraes durante entrevista coletiva.
Por fim, o ministro afirmou que o Brasil está "na vanguarda" ao conceder refúgio para vítimas de desastres naturais e negou - de maneira ríspida - que a junção feita por Temer, ao misturar refugiados e haitianos beneficiados com visto humanitário, pudesse causar confusão. "Somente talvez para vocês. Para quem entende do assunto, não", disse, dirigindo-se aos jornalistas.
Confira a definição de refugiado, disponível no site do Ministério da Justiça: