Naira Trindade
postado em 21/09/2016 06:08
A tentativa de deputados de colocar em votação uma proposta que previa a anistia de políticos para o crime de caixa dois foi articulada pelos principais líderes partidários da Câmara, mas ninguém assumiu a autoria. Pelo contrário, congressistas criticaram publicamente ao longo do dia de ontem a ideia, depois que a apreciação acabou abortada na noite de segunda-feira, após protestos, principalmente, de deputados do PSol e da Rede.
A intenção dos parlamentares era colocar em votação um projeto de autoria do ex-deputado Regis de Oliveira, de 2007, que prevê a criminalização do caixa dois, mas inclui uma emenda com a anistia aos que praticaram o ato em eleições anteriores, porque seria antes da sanção da proposta. O texto, no entanto, não foi divulgado. O primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), que presidia a sessão de segunda-feira, atribuiu aos líderes partidários a negociação para votar a proposta. Líderes e o próprio Beto Mansur afirmam que não tiveram acesso ao conteúdo do projeto.
Mansur afirmou que a matéria havia sido negociada em reunião na sala da Presidência da Câmara, com a presença de todos os líderes, exceto os da Rede e do PSol, presidida pelo primeiro vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA). ;Todos estavam presentes na sala da Presidência;, disse. Mansur negou ter conhecimento do conteúdo da proposta e disse que, ao presidir a Casa, sua missão era pôr o projeto em votação, pautado pelos líderes. Após manifestação de parlamentares contrários, retirou o texto.
A sessão da Câmara para votar o projeto foi extraordinária. Estava prevista para a noite de segunda-feira uma sessão do Congresso Nacional, por isso, os deputados compareceram à Casa. A sessão da Câmara acabou convocada para a votação de uma medida provisória, que acabou aprovada, e o projeto sobre o caixa dois seria o segundo item da pauta. A convocação pegou deputados de surpresa. E, embora houvesse presenças suficientes, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), cancelou a sessão. Se ela se iniciasse, a sessão da Câmara teria de ser encerrada. Ontem, deputados apontaram o envolvimento de Renan na articulação da emenda. O peemedebista, porém, negou ter negociado qualquer coisa do tipo.
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