Eduardo Militão
postado em 22/09/2016 12:39
Citando a ;urgência; do caso, o juiz da Operação Lava-Jato no Paraná, Sérgio Fernando Moro, mandou soltar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que havia sido preso quatro horas antes. O magistrado decidiu sem pedido da Polícia Federal ou do Ministério Público ao saber que o ex-ministro estava no hospital Albert Einsten acompanhando cirurgia de sua esposa. De acordo com o ex-líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), a esposa de Mantega se tratava de um câncer.
;Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-Ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia;, afirma Moro em despacho. A Polícia Federal e o Ministério Público informaram que desconheciam que Mantega estava no hospital. E disseram que cumpriram a ordem judicial porque não poderiam fugir a seu dever. A PF disse que cumpriu a prisão sem entrar no hospital.
[SAIBAMAIS]Mas, segundo Moro, o fato de o ex-ministro estar acompanhando sua mulher numa cirurgia grave, significa que, ao menos neste momento, ele não oferece risco para a destruição de provas. Portanto, não seria necessária a sua prisão temporária, por cinco dias, como decretada antes. ;Não obstante, considerando os fatos de que as buscas nos endereços dos investigados já se iniciaram e que o ex-Ministro acompanhava o cônjuge no hospital e, se liberado, deve assim continuar, reputo, no momento, esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento.;
Segundo o juiz, sua atitude foi tomada isoladamente em virtude da ;urgência; do caso, mas ele afirma crer que a Procuradoria e a polícia não se oporiam. ;Procedo de ofício, pela urgência, mas ciente de essa provavelmente seria também a posição do MPF e da autoridade policial.;
Investigação
De acordo com a PF, em 2012 Mantega atuou diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha de partido político da base aliada da então presidente Dilma Rousseff. ;Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido;, afirma a Polícia Federal.
O empresário do grupo OSX, Eike Batista, disse que foi procurado em 2012 por Mantega para fazer um contrato falso a fim de repassar R$ 5 milhões ;no interesse; do PT, segundo a Procuradoria da República no Paraná. O pagamento realizado foi de US$ 2,35 milhões, mas no exterior em nome de publicitários que já são alvo da Lava-Jato.
Parte dos repasses ilegais identificados na operação de hoje beneficiou firma ligada ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, aponta o Ministério Público Federal (MPF).