Paulo de Tarso Lyra
postado em 25/09/2016 08:02
A menos de um mês de ter chegado definitivamente ao poder, com a conclusão do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a confederação de caciques do PMDB já está em pé de guerra por espaços no Legislativo e no Executivo. Existe uma disputa entre os peemedebistas do Senado com os correligionários do Planalto, com fragmentações internas em cada um dos grupos. ;O PMDB é assim. Sempre tem um nível de tensão interna, pois são vários interesses dentro de um mesmo partido. Se não fosse assim, não seria o PMDB;, resume um interlocutor palaciano.Bombardeado pelo deputado cassado Eduardo Cunha (RJ), o secretário do Programa de Parceria do Investimento (PPI), Wellington Moreira Franco, não conta com a simpatia do senador Romero Jucá (RR), que preside o partido. Jucá desconfia que o vazamento da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que provocou a exoneração do peemedebista do Ministério do Planejamento, tenha sido facilitado por Moreira.
De volta à planície, Jucá, considerado um dos melhores quadros do partido, incomoda-se com a fama de bom operador, mas da ausência de um cargo efetivo. Ainda comanda o Planejamento, mas o titular da pasta é Dyogo Oliveira. Orienta a base aliada nas votações do Senado, mas o líder do governo na Casa é Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Partidos que orbitam no entorno do PMDB especulam que Jucá, por uma questão de sobrevivência, poderia atropelar os interesses do líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE), e disputar a sucessão de Renan Calheiros (AL) na presidência da Casa.
Caso eleito, Jucá teria, como presidente de um dos Poderes, o direito de ser julgado pelo pleno do Supremo Tribunal Federal, não apenas por um único ministro. ;Duvido que Jucá queira isso. Se ele durou dois dias no Planejamento, vai resistir apenas à posse na presidência do Senado. É uma vidraça muito grande para alguém tão frágil;, desdenha um adversário. ;Ele pode estar negociando a volta para a Esplanada. Afinal, algumas pastas têm menos visibilidade que a presidência do Senado;, arrisca um aliado.
No Planalto, contudo, as movimentações de Jucá são vistas com cautela e desconfiança. Moreira Franco, além dos ministros da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e da Casa Civil, Eliseu Padilha, apesar de elogiarem a capacidade política de Jucá, consideram-no muito ;entrão;. O grupo palaciano é unido e ligado a Temer desde que o presidente da República assumiu a presidência do PMDB, em 2001. Faz parte desse grupo também Eunício Oliveira. Jucá é visto como alguém que chegou mais tarde à confraria, mas quer ter as mesmas garantias dos sócios remidos.
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