Jornal Correio Braziliense

Politica

Temer cobra de Moraes explicações sobre declaração a respeito da Lava-Jato

De acordo com interlocutores do presidente, "pegou muito mal" a declaração de Moraes por diversas razões. Além de trazer para "o colo do governo" um suposto vazamento de operação, a fala de Moraes amplia a crise de comunicação já existente



O fato de envolver a Lava-Jato, segundo interlocutores, deixa Temer em uma situação ainda mais delicada já que o governo tem sido acusado de usar politicamente a operação. "Isso desagradou ainda mais o presidente", disse um interlocutor.

Moraes falou ontem durante evento de campanha de Duarte Nogueira à prefeitura de Ribeirão Preto (SP), em uma conversa com integrantes do Movimento Brasil Limpo (MBL), que uma nova etapa da Operação Lava Jato seria deflagrada nesta semana. "Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim", disse.

Temer foi informado das declarações de Moraes ainda ontem e telefonou para o ministro para entender o que tinha acontecido. Ontem, a posição do Planalto era evitar comentários justamente para não trazer mais uma crise para dentro do governo. Hoje, diante da deflagração da operação e da suspeita de que ele teria "falado demais", o presidente quer essa nova conversa.

Além disso, fontes destacam que uma besteira dita pelo Ministério da Justiça é ainda mais grave, já que a área é "delicada". O Planalto tem tentado buscar novas estratégias de comunicação justamente para mitigar os danos causados por falas equivocadas. Moraes, entretanto, é tido como um dos titulares mais difíceis. Foi um dos que recusaram a oferta de media training e disse a interlocutores do Planalto "que não precisava de treinamento" para falar com a mídia.

Outros ministros

Além de Moraes, Temer deve chamar para conversas nesta segunda-feira outros titulares da Esplanada que têm se envolvido em polêmicas, a exemplo do Ricardo Barros (Saúde) e Ronaldo Nogueira (Trabalho). Até mesmo o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, um dos mais próximos do presidente teve que se explicar na semana passada após dizer que supostamente apoiaria o projeto de anistia ao Caixa 2.