O juiz da Operação Lava-Jato no Paraná, Sérgio Fernando Moro, defendeu ;remédios excepcionais; para combater a corrupção quando ela é generalizada. ;Em um contexto de corrupção sistêmica, a adoção de remédios excepcionais não pode ser considerada uma escolha arbitrária, mas medida necessária, na forma da lei, para romper o ciclo vicioso;, escreveu. A afirmação está em artigo que introduz a edição brasileira do livro ;Operação Mãos Limpas; (CDG Editora), dos jornalistas italianos Marco Travaglio, Peter Gomez, Gianni Barbacetto. A obra foi lançada este mês.
Moro afirma no texto que a corrupção é comum e é uma das frustrações da democracia, embora não seja um problema típico dela. ;A corrupção e a prática de suborno, com pagamento de vantagens indevidas por agentes privados a agentes públicos, sempre existirá. Homens não são anjos.;
No entanto, ele lembra que a corrupção sistêmica ; ;penetrante, profunda e disseminada nas instituições e na sociedade civil; ; não é comum e ;não existe em todo e qualquer lugar;.
O combate a este tipo de mal mais grave não pode ficar restrito ao Poder Judiciário, afirma Moro. ;Mas o sistema de Justiça criminal pode oferecer apenas uma resposta limitada à corrupção sistêmica dada a dimensão do problema e a necessária e desejável vinculação da própria Justiça criminal a regras rigorosas de procedimentos e provas. Concomitantemente, outras instituições e mesmo a sociedade civil devem operar.;