A saída da delegação da Costa Rica durante o discurso de Michel Temer na Assembleia Geral das Nações Unidas constitui um gesto de "divergência" com o que ocorre no Brasil, afirmou nesta quinta-feira (29/9) o chanceler Manuel González em depoimento ao Congresso.
"Não houve qualquer descaso (com Temer), nos preocupa a situação neste país (...) e foi um ato político que envia uma mensagem de insatisfação, de inconformidade pelos fatos que vimos", declarou González diante de uma firme interpelação dos deputados opositores.
González esclareceu que o gesto realizado no dia 20 de setembro, na abertura da Assembleia Geral da ONU, não constituiu um julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, e sim de fatos ocorridos posteriormente que, a seu juízo, colocam em dúvida a democracia no Brasil.
O chanceler não citou a que fatos se referia, mas o presidente Luis Guillermo Solís afirmou em entrevista à CNN que a Costa Rica se preocupa com "a violência contra a oposição e à possibilidade de uma lei de anistia que, acredita, deixará impune uma série de fatos muito questionáveis e que a justiça brasileira terá que atender".
González rejeitou que a saída do presidente Solís e dos demais integrantes da delegação da Costa Rica na ONU tenha sido coordenada com os países do bloco latino-americano de esquerda.
"Não houve coordenação, não saímos de mãos dadas com ninguém, a Costa Rica agiu só, de forma independente e soberana", declarou o chanceler sobre as atitudes dos delegados de Bolívia, Nicarágua, Venezuela e Equador.