Paulo de Tarso Lyra
postado em 30/09/2016 06:44
A procuradoria eleitoral do Rio de Janeiro pediu à Polícia Federal que investigue a atuação das milícias nas eleições. O estado concentra praticamente a metade dos 30 assassinatos de candidatos e pré-candidatos a vereador que disputariam votos nas eleições deste domingo. O caso mais recente é do ex-subtenente da Polícia Militar e presidente da Portela, executado no Comitê de campanha, na tarde de segunda-feira.A procuradoria pede ;com urgência; investigação de municípios como a capital e cidades da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Magé, Nova Iguaçu e Seropédica. ;A abertura urgente do inquérito foi requerida pelo procurador regional eleitoral Sidney Madruga a partir de recentes notícias na imprensa de que grupos de milicianos têm cobrado taxas para permitir que candidatos façam campanha e divulguem materiais em áreas da Zona Oeste carioca e cidades do Grande Rio;, informa nota divulgada pela procuradoria.
[SAIBAMAIS];Falta um trabalho mais apurado de inteligência das polícias para prevenir ações contra candidatos que já sofreram ameaças;, afirmou o ex-secretário nacional de Segurança Pública e consultor na área, coronel José Vicente Filho. ;Nós temos três problemas sérios: o Brasil é um país violento; o índice de resolução de homicídios é baixo, o que gera a impunidade; e a capacidade de resposta dos entes públicos é lenta;, resumiu.
O coronel não acredita que o envio de efetivos do Exército e da Força Nacional de Segurança para o Rio de Janeiro adiante. ;O estrago lá já está feito. Candidatos foram mortos, as milícias controlam quem pode ou não fazer campanha;, explicou.
Para o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e professor de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) Arthur Trindade, o país vive a transição da pistolagem, forte no século passado, mas ainda presente no interior, para os crimes praticados por milicianos. ;Praticados não nos grotões, mas nos grandes centros;, resumiu.