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PT tem que levar lambada forte mesmo porque errou, diz Olívio Dutra à rádio

Na entrevista, ele afirmou que suas críticas não são recentes, lembrando não apenas a Operação Lava-Jato, mas também o escândalo do mensalão

Agência Estado
postado em 04/10/2016 16:20
Na entrevista, ele afirmou que suas críticas não são recentes, lembrando não apenas a Operação Lava-Jato, mas também o escândalo do mensalão
Um dos quadros históricos do Partido dos Trabalhadores, Olívio Dutra fez nesta terça-feira (4/10) uma dura avaliação sobre o desempenho da legenda no primeiro turno das eleições municipais, ocorrido no último domingo. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ele disse que o PT "levou uma lambada" e classificou de "legítima, consciente e necessária" a reação do eleitorado, em razão da série de escândalos em que muitos de seus dirigentes se envolveram.

"O PT tem que levar uma lambada forte mesmo porque errou, e errou seriamente", disse Olívio, que participou da fundação do partido, foi governador do Rio Grande do Sul e ministro das Cidades no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na entrevista, ele afirmou que suas críticas não são recentes, lembrando não apenas a Operação Lava-Jato, mas também o escândalo do mensalão. Olívio atribui o atual momento vivido pelo PT à postura das "figuras que atuaram na direção do partido" e que se envolveram em atos que desembocaram "nesse desgaste total", referindo-se a atos de corrupção.


Olívio considera que o resultado das urnas é reflexo deste desgaste. Nesse sentido, segundo ele, o PT "não pode achar que é vítima" da situação. "Não adianta dizer que a culpa é do Judiciário, do adversário, da grande mídia", afirmou. "Existem erros graves pelos quais as pessoas estão sendo julgadas e algumas até presas." Em outro momento, ele disse que não é possível "alisar o pelo de quem cometeu tamanhos erros".

Questionado sobre as práticas que ele condena, o petista citou que é errado, por exemplo, ter a percepção de que o Estado deve ser assumido como propriedade de governantes, familiares e financiadores de campanha. Ele também criticou a aceitação daquilo que chamou de "coligações esdrúxulas" para vencer eleições.

Perguntado especificamente sobre o ex-presidente Lula - que é réu na Lava Jato -, Olívio disse que o colega de partido é uma pessoa com "enorme sensibilidade" para as questões sociais e um político "que parece estar sempre adiante das coisas, mas também facilitando muito". Segundo o gaúcho, Lula abriu um "enorme guarda-chuva" que acabou protegendo quem não tem nenhuma relação com o projeto de um partido de esquerda, democrático e participativo. "O Lula tem uma generosidade enorme e por isso agora tem que ficar dando explicação porque abriu esse guarda-chuva", resumiu.

Para Olívio, que concorreu a uma vaga no Senado Federal nas eleições de 2014 mas não foi eleito, o PT precisa se renovar. "O partido agiu com a velha política que contamina tantos outros partidos, dizendo que tem mais ladrão lá do que aqui. Isso é uma guerra de bugio que não tem fundamento", disparou. Ele frisou que não tem intenção de sair do PT porque entende que a renovação é possível. Disse que não há receita milagrosa, mas que a tentativa de resgatar as raízes da legenda passa por instigar a cidadania.

"Evidente que tem que se ter conteúdo e prática muito diferentes destes conteúdos e práticas dos discursos desta maioria que está dirigindo o partido", disse. "Mas não saio do PT. Acho que há espaço no PT pra gente retomar o caminho certo."

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