O dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, confirmou ao juiz da Operação Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro, que ;ofereceu vantagem indevida no valor de R$ 5 milhões; ao então senador Gim Argello (ex-PTB-DF), ;que prometeu protegê-lo; na CPI mista da Petrobrás de 2014. As afirmações estão em alegações finais apresentadas por seus advogados na ação penal que os dois respondem junto com outros empresários e supostos operadores do esquema de blindagem em troca de propina.
De acordo com o Ministério Público, Gim pediu R$ 35 milhões a sete empreiteiras alvo da CPI, na qual era vice-presidente, em troca de protegê-las. O ex-senador conseguiu R$ 7,2 milhões, admite as reuniões e os repasses de dinheiro, mas afirma que tudo se tratou de doação de campanha oficial sem nenhuma contrapartida ilícita. Gim disse a Sérgio Moro que Ricardo Pessoa retalia o político porque pediu o indiciamento dele no encerramento da comissão de inquérito.
Nas alegações finais, os advogados do dono da UTC dizem que atuou sozinho no pedido de proteção feito ao então vice-presidente da CPI mista. Segundo eles, não houve pedido para que se procurassem outros parlamentares.
;O pedido de proteção que Ricardo Ribeiro Pessoa fez a Gim Argello visava a não aprovação de eventual requerimento feito no sentido de ouvi-lo;, contam. ;Daí porque, procurou alguém que efetivamente tinha poder de decisão na CPMI. Jamais, foi cogitado nas conversas com o ex-senador que este conversasse com outros membros da CPMI para que estes não fizessem requerimentos neste sentido, o que seria totalmente incontrolável, dado o infinito número de deputados e senadores que poderiam ser autores. O pedido era para que se houvesse requerimento, este não fosse para frente.;
Em suas alegações finais, o diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro Santana, outro réu no processo disse que jamais se reuniu com Gim. ;Nunca tratou, nunca conversou, jamais ofereceu ou prometeu vantagem indevida alguma a ele.; Pessoa e Pinheiro Santana fecharam acordo de colaboração premiada para confessar crimes, pagar multas, entregar informações sobre outros criminosos e obterem reduções de penas.
;Foi Ricardo Ribeiro Pessoa ; sem a ajuda ou auxílio de ninguém ; quem ofereceu vantagem indevida no valor de R$ 5 milhões a Gim Argello;, diz a defesa de Santana. ;O pedido de proteção que Ricardo Ribeiro Pessôa fez a Gim Argello visava a não aprovação de eventual requerimento feito no sentido apenas de ouvi-lo, não se estendendo este pedido a qualquer ato relacionado ao denunciado.;
De acordo com o sócio da OAS Léo Pinheiro, outro réu na ação, a propina não foi paga apenas a Gim, mas também ao ex-presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e ao relator, deputado Marco Maia (PT-RS).
Vital, que hoje é ministro do Tribunal de Contas da União, e Maia são investigados no Supremo e negam as acusações. A Polícia Federal em Brasília pediu, pela segunda vez, que o juiz Sérgio Moro compartilhe documentos da ação penal no Paraná para fortalecer a investigação no STF.
Na segunda-feira (4/10), Moro disse que documentos apresentados por Léo Pinheiro sobre o ministro do TCU não têm relação com o caso. Ele afirmou em despacho que vai dar destino à papelada apenas quando for proferir a sentença.