O Congresso brasileiro entende a importância do ajuste fiscal e está consciente de que resolver as incertezas relacionadas à trajetória das contas públicas é fundamental para a retomada do crescimento e para a geração de empregos, afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a jornalistas nesta quinta-feira (6/10), em Washington, onde participa da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
[SAIBAMAIS]O ministro fará nesta quinta um pronunciamento curto em rede nacional de televisão, falando sobre a necessidade do ajuste e explicando o que o governo está fazendo.
Para o País sair da recessão, segundo Meirelles, é necessário que a incerteza trazida pela expansão da dívida pública seja eliminada.
"Existe uma preocupação crescente que no longo prazo isso não será sustentável, cria um problema potencial de solvência", ressaltou o ministro. Por isso, Meirelles mencionou que é importante que o governo controle a expansão das despesas de forma constitucional, por meio de uma PEC, na medida em que mais de 75% dos gastos federais são atrelados por leis à Constituição.
"No momento em que fica claro que para a economia voltar a crescer, para o emprego voltar a crescer, é necessário fazer o ajuste fiscal, os congressistas ficam cada vez mais sensíveis ao ajuste, que em última análise é o interesse do eleitor dele, que é o emprego, o crescimento e a renda." Meirelles disse que nas reuniões que tem feito em Washington durante o encontro anual do FMI a questão fiscal tem dominado as conversas sobre o Brasil. Na entrevista à imprensa, o assunto também acabou prevalecendo e uma das perguntas foi sobre se a população brasileira está entendendo a necessidade das medidas fiscais.
"Existe uma série de coisas que estão sendo feitas nesse sentido, existe uma campanha de publicidade, por exemplo, que começa a ir ao ar levando estas mensagens claramente à população, em uma linguagem direta, objetiva e clara."
PIB
O Brasil pode voltar a crescer na virada do ano e engatar uma recuperação em 2017, afirmou Meirelles. O FMI projeta expansão de 0,5% para o Brasil em 2017, abaixo da estimativa do Banco Mundial, de 1,1%. Perguntado sobre qual previsão o ministro acha mais realista, ele disse que a Fazenda trabalha com 1,6%. "O mercado está subindo, indo para 1,3% e acreditamos que o viés é crescente. É normal que as instituições multilaterais, olhando o mundo todo, sejam conservadoras." Meirelles disse que o governo está com a "mão no pulso" e a economia deve crescer mais que o Banco Mundial prevê.
"Na virada do ano nós já teremos crescimento positivo. A economia já começa a se estabilizar, o que significa que a recessão começa a diminuir." O ministro ressaltou que o ajuste fiscal não vai atrapalhar o crescimento brasileiro e citou estudos que concluíram que, quando a dívida bruta em relação ao PIB começa a se aproximar de 70%, "a expansão fiscal claramente deixa de ser estímulo à economia". Já a queda das despesas públicas ajuda a melhorar as expectativas e os índices de confiança, sendo positiva para o avanço da atividade.