O juiz federal Sergio Moro afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal de prender réus condenados por tribunal de segunda instância "resgata a efetividade da Justiça criminal". "Isso é extremamente importante em relação a esses crimes de corrupção. Muitas vezes criminosos poderosos conseguiam manipular o nosso generoso sistema de recursos para impedir efetiva responsabilização deles pela prática de crimes. É preciso que abandonemos o modelo de privilégios para que passemos para um modelo de responsabilidade em relação à criminalidade praticada por poderosos", afirmou Moro.
Moro fez o comentário ao defender "agenda de reformas" para o País. "Embora precisemos ter Justiça criminal eficiente, é preciso pensar além disso. É preciso reformamos nossas instituições, diminuindo incentivos e oportunidades para a corrupção, ter regras mais transparentes envolvendo contratos públicos e proibição de doações de campanha em algumas circunstâncias".
Além da prisão de réus condenados em segunda instância, Moro elogiou a proibição de doação de campanhas por empresas. "Alguns dizem que foi decisão radical, mas o quadro anterior em que empresas tinham contratos vultosos com o poder público e faziam doações generosas era um tanto propício para relações escusas", afirmou.
Para o juiz, a corrupção sistêmica é um entrave para o desenvolvimento do país. "Não há nenhum vexame em reconhecermos o problema. A vergonha existe é se não fizermos nada a esse respeito."
Ele foi homenageado na noite desta sexta-feira (7/10) pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria. O juiz recebeu o prêmio de Personalidade do Ano em jantar para cerca de 150 pessoas, no Hotel Sofitel, na Praia de Copacabana. Os ingressos custaram entre R$ 400 e R$ 600. Moro foi aplaudido de pé duas vezes e chegou a ser formada fila para que os convidados tirassem selfies com o juiz federal. Ele estava acompanhado da mulher, a advogada Rosângela Wolff de Quadros, e do filho caçula, Vinicius.