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Procurador no TCU implica Gilberto Kassab em pedalada de 2015

As pedaladas foram atrasos no repasse de verba do Tesouro Nacional para bancos públicos e o FGTS bancarem obrigações do governo com programas sociais e de empréstimos subsidiados. As manobras ocorreram tanto em 2014 quanto em 2015



Relator
As análises foram enviadas ao relator do processo no tribunal, ministro Raimundo Carreiro, a quem caberá elaborar um voto e pautar o caso para julgamento em plenário. Fora a inabilitação para o serviço público, o TCU tem aplicado multas aos gestores condenados pelas pedaladas. O procurador implica ainda os ex-presidentes do Banco do Brasil Alexandre Abreu e do BNDES Luciano Coutinho. Sustenta que eles foram "negligentes" e "coniventes" com as manobras.

"Tais gestores foram partícipes dessas operações de crédito e com elas compactuaram. Com efeito, eles não tomaram providências efetivas para que seus créditos perante a União fossem satisfeitos. Como presidentes de instituições financeiras, deveriam ter adotado imediatamente as medidas de cobrança que qualquer instituição privada adotaria, inclusive medidas judiciais", argumenta.

Banco Central

O parecer do MP de Contas também inclui na lista de responsáveis o ex-presidente do Banco Central Alexandre Tombini e o diretor de Política Econômica do BC, Túlio José Lenti Maciel. Os dois foram multados no processo que avaliou as pedaladas de 2014 por, supostamente, permitir que os passivos criados por essas operações não fossem registrados na dívida pública, maquiando a situação fiscal do País. "Por terem permitido a continuidade da irregularidade no exercício de 2015, também merecem ser chamados em audiência no presente processo", diz o procurador.

Ministro afirma que ;sempre respeitou as leis;

A assessoria do ministro Gilberto Kassab informou na segunda-feira (10/10), por meio de nota, que ele não foi oficialmente comunicado do relatório do Ministério Público que atua no Tribunal de Contas da União (TCU) que pede a inclusão de seu nome na lista de autoridades responsáveis pelas pedaladas fiscais de 2015.

Segundo a nota, "eventual pronunciamento só poderá ser feito após conhecimento integral" do documento. "Reiteramos que o ministro, ao longo de sua vida pública, sempre se pautou pelo respeito às leis, pela lisura nos atos administrativos e pela transparência", afirmou.

Kassab, ex-prefeito de São Paulo e filiado ao PSD, foi ministro das Cidades durante parte do segundo mandato do governo de Dilma Rousseff. Ele deixou o cargo em abril do ano passado, pouco antes do impeachment da petista. Procurado pela reportagem para comentar o relatório, o Banco do Brasil justificou ter cumprido "rigorosamente toda a legislação e os normativos internos sobre o assunto". Disse ainda que "prestará os esclarecimentos que se fizerem necessários após conhecer o teor do relatório".

O ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Luciano Coutinho, acusado de ser "negligente" e "coniventes" com as manobras fiscais, afirmou, também em nota, desconhecer o relatório. Alegou que "todas as ações adotadas pelo BNDES estiveram dentro da lei, não havendo em nenhum momento qualquer omissão ou descumprimento de norma legal". Ele acrescentou que "não houve realização de operação de crédito" entre o banco e a União e que "os saldos em atraso foram devidamente liquidados pelo Tesouro ao fim de 2015".

O Banco Central informou que se manifestará apenas "nos autos do processo".