Rosana Hessel, Paulo de Tarso Lyra
postado em 12/10/2016 06:00
A confortável vitória obtida pelo governo na noite de segunda-feira, quando aprovou, em primeiro turno, por 366 votos a favor e 111 contrários, a emenda constitucional que limita os gastos públicos ao teto da inflação mostra uma coesão na base aliada, mas não garante o êxito em votações futuras. O Planalto sabe que conseguiu ;amarrar; os aliados para a votação de segunda, mas reconhece que, em temas como a reforma da Previdência, o trabalho terá de ser redobrado.[SAIBAMAIS];A Previdência será a matéria mais difícil que a Câmara enfrentará nesta legislatura. Mas existe a disposição da Câmara de discutir e aprovar as ações fundamentais para a retomada do crescimento econômico do país;, afirmou o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF).
Rosso admite que o governo precisará repetir a mesma estratégia adotada para votar, em segundo turno, a PEC 241. ;O modelo que o presidente Temer adotou para negociar e explicar a 241, nos mínimos detalhes, tem de ser repetido;, sugeriu. O modelo adotado pelo Planalto foi massacrante. ;Organizamos almoços, jantares, cafés da manhã. Ministros escreveram artigos, publicidades foram expostas nos veículos de comunicação;, lembrou um interlocutor palaciano.
Na noite de domingo, o presidente Michel Temer ; que se reuniu com bancadas regionais nas últimas duas semanas ; abriu as portas do Alvorada para um jantar com quase 300 deputados da base aliada. Afagou egos, tirou selfies, fez um discurso inflamado garantindo que não havia plano B diante da não aprovação da medida. E, melhor: garantiu a presença de 300 aliados em Brasília nas primeiras horas da segunda, dia tradicional sem quórum alto no Congresso. Para completar o serviço, Temer e o secretário de Governo, ministro Geddel Vieira Lima, fizeram questão de ligar pessoalmente para os líderes partidários, após a votação, para agradecer a fidelidade.
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Quem se mostrou infiel, contudo, terá que se preparar. Ainda com o gosto da vitória na boca, o chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha, avisou que o próprio Temer conversará com os deputados que se desalinharam da orientação palaciana. O ministro minimizou o termo ;traição;, porém, disse que o governo não ;prende; ninguém na base. Houve defecções registradas em boa parte dos partidos aliados do governo.
;O presidente Michel Temer disse que haverá uma DR (discussão de relacionamento) com quem não teve condições de acompanhar o governo ontem (segunda). É óbvio que o governo se faz com aliados. Quem circunstancialmente tem dificuldade de ser aliado, por óbvio, que o governo não o prende na base de sustentação;, afirmou Padilha. O ministro ressaltou que o próprio Temer conduzirá as conversas, na companhia de Geddel.
Ainda assim, Padilha evitou o termo ;traição;. ;Primeiro, eu não conheço traição. Traição é uma expressão que, a mim parece que vilipendia, diminui a relação dos parlamentares com as suas bases. Se formos ouvir os parlamentares que circunstancialmente não votaram com o governo, sendo de um dos partidos da base, ele terá uma explicação. O governo que terá de avaliar. Eu não reputo como traição;, disse.
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