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Depois de prisão de Cunha, Temer quer crise política longe do governo

Preocupação agora é garantir boa votação para a PEC do teto de gasto, que será levada ao plenário da Câmara, na terça-feira (25/10), em segundo turno, antes de seguir para o Senado

postado em 22/10/2016 08:00

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A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) obrigou o Palácio do Planalto a fazer um movimento para aumentar a demonstração de força no Congresso e afastar o clima de incerteza e de mais crise política à vista.

Horas depois de ter chegado a Brasília, na quinta-feira (20/10), vindo de uma viagem a Índia e ao Japão, o presidente Michel Temer telefonou para líderes da base aliada e pediu apoio para a nova votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita durante 20 anos os gastos públicos.

A PEC será levada ao plenário da Câmara, na terça-feira (25/10), em segundo turno, antes de seguir para o Senado. O governo tenta agora conquistar 400 votos para indicar que a Lava-Jato não atrapalha o ritmo do Congresso.

O receio é que um placar menor do que os 366 votos que foram obtidos na primeira etapa da votação, no último dia 10, indique perda de controle do Planalto sobre a base e provoque dúvidas no mercado financeiro em relação à retomada da estabilidade. Para aprovar a PEC são necessários 308 votos.

;Para que possamos atrair investimentos, temos de dar confiança. E essa confiança só se dá com liderança política;, disse o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O ministro admitiu apreensão do governo. ;É claro que há preocupação. Queremos ter um desempenho ainda melhor do que os 366 votos. Isso é uma sinalização interna e externa de que não tem mais crise política.;

O assunto Cunha, porém, virou tabu no governo. Em reunião na quinta-feira, 20, com ministros, Temer reforçou a ordem, transmitida anteriormente, por telefone, ainda em viagem, para que ninguém comentasse a prisão do parlamentar cassado. Auxiliares do presidente repetem o mantra ;a vida continua;.

Nos bastidores, no entanto, há o temor dos próximos capítulos. Antes de ser preso, o ex-presidente da Câmara disse com todas as letras a aliados: ;Vou explodir o Moreira;. Era uma referência ao secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco.

Em setembro, dias após perder o mandato, Cunha afirmou que Moreira era o cérebro do governo Temer e o acusou de estar por trás de irregularidades para financiar obras do Porto Maravilha, no Rio. Argumentou, ainda, que o programa de concessões de Temer nascia ;sob suspeição;. Moreira negou as acusações.

Em evento em São Paulo, na tarde de ontem, Eliseu Padilha afirmou que uma eventual delação premiada do deputado cassado Eduardo Cunha ;não está em pauta;. Foi a primeira vez que um ministro do governo se manifestou desde que o ex-presidente da Câmara dos Deputados foi preso, na quarta-feira (19/10).

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