O diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo de Araújo, preso na Operação Métis, afirmou, em depoimento à Polícia Federal, nesta segunda-feira (24/10), que os agentes da Casa fizeram varredura na residência do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O policial Geraldo de Deus Oliveira, preso na sexta-feira e solto no mesmo dia, já havia antecipado que um presidente da Câmara havia recebido benefícios da ação de contra-inteligência por cooperação. De acordo com o depoimento de Araújo, ele apenas cumpria ordens ao fazer as varreduras. Ele citou como exemplo o ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ainda segundo Araújo, as ações não eram feitas pelo pessoal do setor de inteligência do órgão.
Fontes ouvidas pelo Correio afirmam que desconfiam desta versão. Para eles, não é possível acreditar, ao menos em primeiro momento, que Araújo apenas cumpria ordens de senadores sem questioná-los. Também suspeitam da hipótese de que outros agentes, além dos quatro detidos na sexta-feira, não estivessem envolvidos nas varreduras.
Para o Ministério Público e a PF, a busca por escutas ambientais em residências e gabinetes de políticos, tinha o objetivo de obstruir a Operação Lava-Jato e atender a interesses particulares dos parlamentares. Isto porque muitas delas só foram feitas depois que os congressistas foram alvos de mandados da PF que vasculharam suas casas em busca de provas para a operação.
Eduardo Cunha está preso em Curitiva desde a última quinta-feira. "Eduardo Cunha não é investigado nesse inquérito e a defesa não teve acesso aos documentos, de forma que não temops como nos pronunciarmos", esclareceu o advogado Pedro Ivo Velloso ao Correio.