Politica

Até aliados criticam Geddel por pressionar liberação de obra em Salvador

Conselho de Ética da Presidência da República vai analisar hoje a denúncia contra o titular da Secretaria de Governo

Eduardo Militão
postado em 21/11/2016 06:01
Geddel admite que pediu para o ex-ministro da Cultura analisar a obra embargada pelo Iphan, mas nega qualquer tipo de pressão
Enquanto a liderança do Governo na Câmara tenta minimizar a situação do ministro palaciano Geddel Vieira Lima, parte dos integrantes da base aliada de Michel Temer no Congresso defende uma apuração rigorosa dos fatos na mesma linha de opositores. O vice-líder do Bloco Social Democrata no Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), considera ;extremamente grave; a denúncia do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que acusou o secretário de Governo da Presidência da República de pressioná-lo a aprovar um empreendimento em Salvador onde ele tinha comprado uma residência de R$ 3,4 milhões, na orla soteropolitana. Geddel admite o pedido, mas nega pressões.

;Revela tráfico de influência;, afirmou Ferraço. Para o senador, o fato de Geddel ser dono de um apartamento no prédio onde fazia pressões perante Calero demonstra uma atuação indevida. ;Ele não deveria fazer porque está legislando em causa própria. Sendo proprietário, é absolutamente inadequado.;

Ferraço discorda da oposição no método de apuração. Ele defende que a Comissão de Ética, e não o Congresso, avalie o caso, a fim de evitar disputa política com o único objetivo de desgastar o governo de Michel Temer. Se preciso, deve ser feita uma acareação, na visão dele. A comissão se reúne nesta segunda-feira para discutir o caso. Geddel deve comparecer hoje à reunião do ;Conselhão;, no Planalto.


Calero pediu exenoreção do cargo de ministro da Cultura na sexta-feira alegando pressão do secretário de Governo para liberar obra no prédio La Vue Ladeira da Barra. Ontem, o jornal O Estado de S.Paulo publicou entrevista em que o ex-ministro disse ter avisado Temer de uma suposta ameaça de Geddel para demitir a presidente do Iphan. Calero não atendeu a reportagem ontem para explicar quando foi essa conversa com o presidente.

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), disse que, a partir de hoje, vai começar a agir para pedir a convocação de Calero. A ideia é que sejam feitas apuracões na Procuradoria-Geral da República e na própria Comissão de Ética, que analisará o caso hoje. Ele destacou o fato de Temer ter sido avisado, segundo o ex-titular da Cultura. ;A resposta dele é: ;Eu sou presidente;. Considerando que já houve o caso do ministro da AGU, dizendo-se proibido de investigar ministros na Lava-Jato, Temer tem que promover todas as investigações necessárias ou renunciar ao cargo.;

;Assunto pequeno;

Para o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), Geddel não fez nada de irregular. ;Ele apenas levou a posição dele (a Calero). Acho que esta questão está explicada. A oposição está no papel dela, mas isso é um assunto muito pequeno para o momento que estamos atravessando e que temos que contribuir com coisas muito mais importantes para o futuro desse país.;

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