Margareth Lourenço - Especial para o Correio
postado em 26/11/2016 07:35
A foto ao lado do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, publicada no perfil de Marcelo Calero, 34 anos, na rede social, não disfarça o viés político das relações que o ex-ministro da Cultura já mantinha, antes de ser alçado a pivô da mais recente e, provavelmente, pior crise enfrentada pela gestão de Michel Temer. Em uma rápida navegada pela internet, o tijucano e diplomata de carreira passou a ser citado, nos últimos dias, em um número cada vez maior de notícias e postagens, principalmente depois da queda de Geddel Vieira Lima. Na verdade, o que todo mundo quer saber é: quem é, o que faz e o que pretende o homem que parece ter colocado na corda bamba o governo de Temer.
[SAIBAMAIS]Os mais próximos não têm dúvida, ele não compactua com crimes. Ao perceber o movimento que estava se armando para ser transformado de vítima em réu, tratou de agir. ;Tentam desviar da questão principal, que é a denúncia feita por ele, para a atitude de ter ou não gravado, mas isso não tem qualquer relevância;, defende uma pessoa do círculo mais próximo de Calero. A prática de gravar às escondidas conversas de protagonistas do staff político brasileiro tem se tornado tão comum que as pessoas mais próximas ao diplomata parecem não se importar com tal atitude. No lugar do chavão, ;tenho um nome a zelar;, Calero prefere, ;tenho um CPF a preservar de qualquer improbidade;.
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As próximas cenas dessa emaranhada disputa política ainda devem render muitos capítulos. Porém, Calero, para boa parte da opinião pública, conseguiu uma projeção nacional que, com certeza, lhe seria muito favorável há seis anos, quando se lançou candidato a deputado federal,na campanha de José Serra, pelo PSDB. Não levou. Mas não abandonou o gosto pela política. Na verdade, um gosto que cultua desde garoto, quando se esmerava em decorar os jingles dos candidatos. Sabe até hoje e de vez enquanto cantarola, entrega um conhecido que ainda reforça: ;Ele é vidrado em política, acompanha tudo;.
Esse amor pela política não caminha na mesma direção da sua fidelidade partidária. Algumas portas começaram a se abrir para ele em outra direção ao partido dos tucanos. Em 2014, decidiu ingressar nas fileiras do PMDB, partido do seu então chefe, o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Após sucessivas e bem-sucedidas passagens ligadas à prefeitura do Rio de Janeiro, inclusive como secretário da Cultura, o atual homem-bomba parecia ser a escolha perfeita para ocupar a vaga de Secretário Nacional da Cultura, cargo máximo na hierarquia da pasta anunciada como extinta pelo recém ocupante em definitivo do Palácio do Planalto.
Sem dor na consciência para sentar na cadeira, que já havia sido rechaçada por alguns dos sondados pelo atual governo, Calero chegou a comentar, com pessoas próximas, que aceitou o convite como quem recebe uma missão na carreira diplomática. Ao ser designado, é preciso aceitar, vaticinou. De secretário, passou a ministro, já que a canetada para pôr fim ao ministério não veio. Nos quase cinco meses que se manteve à frente da pasta, fez o que melhor sabe fazer e para o que tem se preparado a vida toda. Foi diplomata e conciliador.
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