postado em 01/12/2016 17:25
O PSDB negou ter sido o principal articulador da manobra ; que acabou frustrada ; para acelerar a votação do pacote anticorrupção no Senado, na noite dessa quarta-feira (30/11). Em nota, o partido desmentiu a informação divulgada pela Agência Estado e reproduzida pelo Correio, de que o presidente nacional da sigla, senador Aécio Neves (MG), havia costurado um acordo nos bastidores da Casa para dar caráter de urgência à matéria.
[SAIBAMAIS]Na nota, assinada pelo líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), a sigla diz que são falsas as versões de que Aécio trabalhou ao longo da tarde de quarta-feira para fechar um acordo com lideranças do PMDB, PT, PSD, PP e PTC. "O senador Aécio Neves, consultado sobre a votação, reuniu a bancada do PSDB que se posicionou contra o caráter de urgência, decisão manifestada unanimemente pelo partido na votação", afirma Bauer. Todos os senadores tucanos votaram contra a urgência para a análise do pacote anticorrupção.
Na matéria publicada anteriormente, a Agência Estado, citando um senador que teria participado de uma reunião para articular o acordo, afirma que "a bancada tucana foi orientada a votar fechada contra o requerimento de urgência quando Aécio notou que iria perder. Desta forma, o partido sairia insuspeito". Segundo a sigla, tal informação também é falsa.
Manobra
Na noite dessa quarta-feira (30/11), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) tentou votar o pacote de medidas anticorrupção aprovado durante a madrugada na Câmara dos Deputados. Um requerimento com o pedido de urgência, assinado pelo líder do PSD, Omar Aziz (AM), o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), e o líder do PTC, Fernando Collor de Mello (AL) e que contava com o apoio de Renan foi rejeitado pelo plenário por 44 votos a 14. Os líderes que assinaram o requerimento não conseguiram o apoio nem de suas bancadas ; juntos, os três partidos têm 24 senadores. Para aprovar um pedido de urgência, são necessários os votos de dois terços dos 81 senadores.
A aprovação na Câmara gerou muita polêmica porque o pacote de medidas, defendido pelos procuradores da Operação Lava-Jato e apoiado por mais de 2 milhões de brasileiros, sofreu uma série de alterações. Com isso, a ideia original do texto foi totalmente danificada, na avaliação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "As 10 Medidas contra a corrupção não existem mais. O Ministério Público brasileiro não apoia o texto que restou, uma pálida sombra das propostas que nos aproximariam de boas práticas mundiais", criticou.
Antes da votação, procuradores da Lava-Jato ameaçaram renunciar e encerrar os trabalhos de combate à corrupção caso o texto fosse aprovado pelo Senado como saiu da Câmara. Após as críticas da equipe da Lava-Jato, Renan reagiu, dizendo que a aprovação das medidas "é uma decisão sobre a qual não pode haver pressão externa". "Não se pode fazer cadeia nacional para pressionar por nada que absolutamente conteste, esvazie o estado democrático de direito", afirmou.
A possibilidade de urgência, que, em tese, poderia facilitar a aprovação como veio da Câmara, gerou bate-boca no Plenário. "O senhor está cometendo abuso de autoridade", afirmou o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Inscreveram-se para fala contra o requerimento os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Randolfe Rodrigues (REDE-AP). "Arguo a intempestividade de votar a medida neste momento", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Randolfe chamou a votação dos deputados de "golpe dado na calada da noite". Entre as alterações estão previstas medidas de controle maior do Judiciário, o que foi encarado como vingança a ação da Justiça ao investigar políticos.
Leia a nota na íntegra:
"Sobre falsas versões que vêm sendo difundidas sobre a votação de ontem à noite no Senado, o PSDB informa que o senador Aécio Neves, consultado sobre a votação, reuniu a bancada do PSDB que se posicionou contra o caráter de urgência, decisão manifestada unanimemente pelo partido na votação.
Brasília, 1; de dezembro de 2016
Paulo Bauer, líder do PSDB no Senado"