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Ilan defende aprovação de reformas, incluindo PEC do Teto e da Previdência

Em discurso, Goldfajn defendeu que a aprovação das reformas é pré-requisito para a economia voltar a crescer

postado em 13/12/2016 13:37
O presidente do BC repetiu ainda que as reformas fiscais são imprescindíveis para disciplinar as contas públicas e que a PEC do Teto dos gastos públicos é o primeiro passo
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, voltou a defender nesta terça-feira, 13, em evento em São Paulo, a aprovação das reformas econômicas encampadas pelo governo Michel Temer - em especial, a PEC 55, que estabelece um teto para os gastos públicos, e a reforma da Previdência. Em discurso, Goldfajn defendeu que a aprovação das reformas é pré-requisito para a economia voltar a crescer.

"(Devemos) nos manter perseverantes e serenos no caminho da eliminação dos excessos do passado e aprovar as reformas fiscais - incluindo a PEC da Previdência - e reformas para aumentar a produtividade e melhorar o ambiente de negócios", afirmou. Goldfajn citou ainda o investimento em infraestrutura e a aceleração das concessões como fatores para a economia voltar a crescer.

"A queda na atividade no curto prazo não significa que não haverá recuperação. Veremos recuperação gradual mais adiante", disse ainda Goldfajn, lembrando que a pesquisa Focus, do Banco Central, mostra que o ano de 2017 será melhor que o de 2016, enquanto o ano de 2018 será melhor que o de 2017.

Juros baixos

O presidente do Banco Central afirmou que "todos nós queremos juros mais baixos". "Esse também é o desejo do BC", disse. Durante discurso em São Paulo, ele acrescentou que "a questão é como chegar lá".

"É importante fazê-lo reduzir os juros de forma responsável para ser sustentável no longo prazo. Caso contrário, a trajetória será revertida lá na frente", pontuou.

Nas duas últimas reuniões de política monetária, o BC reduziu a Selic (a taxa básica de juros) em 0,25 ponto porcentual. A decisão do encontro do fim de novembro, em especial, vem sendo criticada por setores do mercado e do próprio governo. A avaliação é de que, considerando a forte queda na atividade, o BC já teria espaço para adotar cortes maiores da taxa básica, de 0,50 ponto porcentual.

"Há sempre um debate sobre a calibragem da política monetária", disse Goldfajn no discurso desta terça. "O Copom se reúne de forma frequente e pode adequar as decisões à realidade que se apresenta", acrescentou.

Goldfajn afirmou, no entanto, que este debate não pode ser confundido com a discussão sobre os juros estruturais da economia. "Esses dependem de fatores reais, como produtividade, grau de incerteza, garantias, respeito a contratos. Reformas fiscais que coloquem em ordem as contas públicas são igualmente importantes. Mas também medidas microeconômicas que melhores o ambiente de negócios", pontuou.

4 pilares

O presidente do Banco Central voltou a citar os quatro pilares da agenda da instituição: redução sustentável do custo de crédito, aumento da eficiência do sistema financeiro, cidadania financeira e o aprimoramento do arcabouço legal que rege o BC. Nesta semana, o Banco Central deve anunciar medidas relacionadas ao pilar de custo de crédito, como afirmou o próprio Goldfajn recentemente.

[SAIBAMAIS]Goldfajn também voltou a citar que as instituições financeiras não ficaram imunes à retração da economia e que houve provisionamento e queda de lucratividade. Ao mesmo tempo, ele repetiu que o sistema financeiro está líquido e pronto para financiar a recuperação.

Em outro momento do discurso, Goldfajn repetiu que a inflação corrente tem surpreendido favoravelmente, mas que há sinais de pausa, na margem, na desinflação de serviços. Ao mesmo tempo, pontuou que a fraqueza da atividade torna provável o retorno da desinflação de serviços.

Goldfajn defendeu ainda reformas estruturais para impulsionar a produtividade e o crescimento e disse que o investimento em infraestrutura tem papel relevante na produtividade. Segundo ele, o governo atua para atuar o ambiente de negócios mais amigável ao setor privado.

O presidente do BC repetiu ainda que as reformas fiscais são imprescindíveis para disciplinar as contas públicas e que a PEC do Teto dos gastos públicos é o primeiro passo. "Com o teto de gastos, o Brasil voltará a fazer escolhas", disse. "Teto de gastos precisa ser acompanhado por reforma da seguridade social "

No discurso, ele afirmou ainda que os exageros do passado estão levando mais tempo para se dissiparem e a retomada da atividade pode ser mais demorada e gradual que a antecipada.

Críticas

Ilan Goldfajn disse também que a instituição recebe críticas por buscar o centro da meta de inflação "com mais afinco". Segundo ele, "é salutar atingir as metas após anos com inflação acima do centro da meta". Para Goldfajn, postergar a busca do centro tem custos.

Ao mesmo tempo, o presidente do BC reconheceu que atingir a meta de inflação - cujo centro é de 4,5% para este e os próximos dois anos - também tem custos. De acordo com Goldfajn, o BC é sensível ao nível de atividade e a leva em consideração em suas decisões sobre a Selic (a taxa básica de juros). A autoridade afirmou que a atividade afeta as projeções de inflação e também é vista como custo da desinflação.

"Um processo desinflacionário mais rápido para atingir o centro da meta já em 2016 traria um custo de desinflação muito alto em termos de atividade", afirmou Goldfajn. Ele destacou ainda a importância de ancorar as expectativas e derrubar a inflação. "São esses resultados que permitem ter juros baixos no futuro", disse.

Os comentários foram feitos por Goldfajn durante o seminário "Perspectivas 2017", promovido pelo Instituto Millenium, em São Paulo.

Por Agência Estado

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