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Silas Malafaia é levado pela Polícia Federal para prestar depoimento

Pastor é alvo de condução coercitiva na Operação Timóteo, que investiga fraudes no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Líder religioso recebeu dinheiro do principal escritório envolvido no esquema, diz polícia

Jacqueline Saraiva, Eduardo Militão
postado em 16/12/2016 09:31

A Operação Timóteo começou ainda em 2015, quando a então Controladoria-Geral da União enviou à PF uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do DNPM

O pastor Silas Malafaia é um dos alvos da Operação Timóteo, que investiga fraudes no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O juiz substituto da 10; Vara Federal de Brasília, Ricardo Augusto Soares Leite, ordenou que ele fosse conduzido coercitivamente nesta sexta-feira (16/12) pela Polícia Federal para ser isolado e, caso queira, prestar um depoimento, apurou o Correio. Malafaia usou um vídeo no YouTube para se denfender (veja abaixo).

O jornal também apurou que o diretor de Procedimentos Arrecadatórios do DNPM, Marco Antônio Valadares Moreira, é um dos principais alvos. Suspeito de receber R$ 7 milhões em propinas, a evolução patrimonial dele foi considerada aparentemente incompatível com os rendimentos. Ele é alvo de mandado de prisão temporária, assim como sua esposa.

[SAIBAMAIS]A PF afirma que ;uma liderança religiosa; recebeu valores do principal escritório de advocacia responsável pelo esquema. ;A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é que este líder religioso pode ter ;emprestado; contas correntes de uma instituição religiosa sob sua influência com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores;, afirma comunicado da corporação.

O esquema envolve corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral. A ação mobiliza 300 policiais federais e acontece em 11 estados e no Distrito Federal, com buscas e apreensões em 52 endereços relacionados à organização criminosa. Há 29 ordens de condução coercitiva, 4 de prisão preventiva, 12 de detenção temporária, além de outras para sequestrar 3 imóveis e bloquear valores depositados em bancos que podem alcançar R$ 70 milhões. Os agentes e delegados estão em Brasília, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.

No vídeo postado na internet, o pastor diz que declara no imposto de renda tudo o que recebe. "É umaa tentativa para me desmoralizar na opinião pública", afirma. Assita:

[VIDEO1]

Desvio de recursos

Segundo a PF, as cobranças judiciais correspondem a 65% da chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) e tem como destino os municípios.

Na ordem, o juiz Ricardo Leite determinou ainda que as prefeituras envolvidas suspendam contratações ou pagamento a três escritórios de advocacia e consultoria sob investigação. As provas recolhidas pelas equipes policiais devem detalhar como funcionava um esquema em que um Diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) detentor de informações privilegiadas a respeito de dívidas de royalties oferecia os serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a municípios com créditos de CFEM perante empresas de exploração mineral.

Segundo a investigação, o grupo se dividia em ao menos 4 grandes núcleos. O setor captador, formado por Valadares e sua esposa, realizava a captação de prefeitos interessados em ingressar no esquema. A área operacional, composta por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da esposa de Valadares, repassava valores indevidos a agentes públicos. O grupo político era formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema. O núcleo colaborador se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do dinheiro.

Investigação

A Operação Timóteo teve início em 2015, quando a então Controladoria-Geral da União (CGU) enviou à polícia uma sindicância que apontava incompatibilidade na evolução patrimonial de Valadares.

O nome da operação é referência a uma passagem do livro de 1; Timóteo, integrante da Bíblia, no capítulo 6, versos 9 e 10: ;Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos sofrimentos;.

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