Denise Rothenburg, Julia Chaib
postado em 22/12/2016 11:34
O presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira (22/12) que não tem "pensado" sobre a hipótese de renúncia. O peemedebista ainda afirmou que não demitirá o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, alvo de depoimentos da delação premiada da Odebrecht. "Não tirarei o chefe da Casa Civil. Ele segue firme e forte à frente da Casa Civil. Não haverá mudança", afirmou nesta manhã, ao tomar café com jornalistas.
Questionado sobre um eventual temor de deixar o governo antes do fim do mandato diante de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar a chapa, Temer disse que respeitará. "Havendo uma decisão, haverá recursos e mais recursos não só ao TSE, mas ao Supremo Tribunal Federal também. Mas se o Judiciário tiver uma decisão judicial definitiva, eu serei obediente a ela, senão eu estaria violando a tese que sustento de separação e harmonia entre os poderes", afirmou.
[SAIBAMAIS]Temer reforçou que as delações premiadas ainda precisam ser comprovadas, mas admitiu que elas impactam no governo. "Não se pode soltar uma delação por semana. Cria clima de instabilidade", disse. O presidente lembrou o pedido feito à PGR neste mês para que acelerasse as investigações da Lava-Jato.
O peemedebista não descartou uma reforma ministerial, mas disse que no momento, "não cogita minimamente". "Até porque eu registrei uma grande produtividade dos ministérios. Não há nenhuma intenção neste momento", afirmou.
Segundo os termos de delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Temer teria pedido R$ 10 milhões ao empreiteiro Marcelo Odebrecht, em 2014 para doações em caixa 2 ao partido. O dinheiro teria sido entregue em espécie, à época da campanha eleitoral, ao escritório do advogado José Yunes, amigo próximo de Temer, e ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Yunes foi tesoureiro da campanha do peemedebista e pediu demissão neste mês após as denúncias. Nesta quinta, segundo o Estado de S.Paulo, Yunes recebeu R$ 1 milhão no próprio escritório em São Paulo, das mãos do doleiro Lúcio Funaro. O dinheiro teria sido entregue, segundo o jornal, a pedido de Padilha.