Eduardo Militão
postado em 30/12/2016 06:10
O presidente afastado da empreiteira Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, autou ;em outros flancos do governo federal;, solicitando ao então ministro da Fazenda Guido Mantega (PT) que ;os pleitos da empresa fossem atendidos a contento; na Argentina e em Moçambique. A afirmação consta de relatório obtido pelo Correio em que a Polícia Federal afirma que o governador de Minas Gerais e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, recebeu propina em troca de benefícios à construtora por empreendimentos nos dois países.
O documento está nas mãos do ministro do Superior Tribunal de Justiça Herman Benjamin. Nele, a PF levanta indícios que resultaram na segunda denúncia contra Pimentel e Marcelo Odebrecht por corrupção relacionada a empreendimentos na Argentina e em Moçambique. O relatório policial, que integra a Operação Acrônimo, acrescenta um tópico apenas para Mantega ;com o intuito de demonstrar o interesse da empresa Odebrecht em Moçambique e na Argentina e sua atuação em outros flancos do governo federal;.
[SAIBAMAIS]Nele, relata que, em agosto de 2014 e nas semanas seguintes, o empreiteiro ; hoje preso em Curitiba e com acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato ; teve reuniões com Mantega para discutir o tema, que era do interesse deles e também de Pimentel. Para comprovar, os policiais anexam e-mails de Marcelo Odebrecht e agendas do então ministro detalhando um encontro em 25 de agosto de 2014 em São Paulo, no gabinete ministerial, no edifício do Banco do Brasil.
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O advogado de Mantega, José Roberto Batochio, disse que as suspeitas são absurdas e que o ex-ministro tratou com diversos empresários dos mais diversos assuntos econômicos, pois essa era sua função. ;Estão vendo fantasma onde não tem nem lençol;, afirmou ao Correio. O defensor de Pimentel, Eugênio Pacelli, disse que a polícia faz ;ilações; sem base em fatos. ;Se a referência a nome de autoridades em mensagens de terceiros tivesse força de verdade, teríamos inquéritos envolvendo ministros do Supremo Tribunal Federal, referidos, por exemplo, por (ex-senador) Delcídio do Amaral;, avaliou. A Odebrecht disse que não comentará o assunto.
Aval preparado
Depois de trocar e-mails com o então chefe da assessoria especial de Mantega, Sérgio Risios Bath, Marcelo Odebrecht acerta uma reunião em 25 de agosto, às 10h. Apesar disso, a agenda oficial do ex-ministro informa apenas ;reuniões de trabalho;. Os e-mails de Marcelo apontam que um dos interesses na conversa era acertar as garantias da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o soterramento da ferrovia de Sarmiento, em Buenos Aires, na Argentina ; obra de US$ 1,5 bilhão. É o que diz mensagem de João Carlos Nogueira, diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Internacional, em 22 de agosto de 2014.
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